Servidor do MPF preso por fraude contra o sistema financeiro convencia vítimas a contrair empréstimos


Salatiel Farias vendia a ideia de que compensava contrair empréstimos porque os juros eram menores que os do investimento feito com ele. Servidor do MPF foi preso na operação “Falso Midas” deflagrada pela Polícia Federal
Polícia Federal / Divulgação
Ainda envergonhadas por terem caído em um golpe e abaladas pelo prejuízo financeiro, vítimas do servidor do Ministério Público Federal (MPF), preso na manhã desta terça-feira (20) em Santarém, oeste do Pará, por suspeita de crimes contra o sistema financeiro, contaram à produção de jornalismo da Tv Tapajós como Salatiel Farias Araújo agia para convencê-las a colocar altas quantias de dinheiro nas mãos dele, com a promessa de lucros vultuosos em curto espaço de tempo.
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De acordo com o relato de uma das vítimas, Salatiel as abordava dizendo que operava no mercado financeiro, que pessoas conceituadas na sociedade, como juízes, delegados, empresários e servidores públicos investiam com ele. E usava o fato de ser servidor do MPF para passar uma imagem confiável e assim convencer investidores em potencial.
O servidor também falava aos investidores que tinha uma boa reserva para devolução dos valores caso algo viesse a dar errado, o que encorajava as vítimas, inclusive a fazer empréstimos de valores altos para colocar nas mãos dele acreditando que teriam lucros bem acima de investimentos convencionais ofertados pelo mercado financeiro.
“Ele dizia que tinha cotas de investimento e que eram poucas pessoas investindo. Quando a pessoa não tinha dinheiro, ele ficava perturbando para fazer empréstimo consignado. A ideia é que os juros do empréstimo eram menores do que os juros que ele pagava, então em tese compensava”, relatou uma das vítimas.
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Para gerar confiança entre os investidores e fazer com que eles não desconfiassem de que o dinheiro deles não estava sendo investido em bolsa de valores, Salatiel mandava diariamente vídeos e fotos dos “investimentos”, que supostamente estavam dando certo. Até que ele não conseguiu mais sustentar as mentiras e o esquema de pirâmide financeira foi descoberto.
As vítimas procuraram a polícia para registrar boletim de ocorrência. O caso chegou à Justiça Estadual, mas o servidor continuava operando o esquema fraudulento, até que uma das vítimas levou o caso ao conhecimento da Polícia Federal. Um inquérito foi aberto e após investigações, a Polícia Federal pediu à Justiça Federal a prisão preventiva de Salatiel farias Araújo. Prisão que foi cumprida nesta terça.
Após passar por audiência de custódia, Salatiel Farias Araújo foi encaminhado à penitenciária agrícola Silvio Hall de Moura, onde permanecerá à disposição da Justiça Federal.
Sonhos destruídos
O g1 apurou que o número de pessoas enganadas por Salatiel Farias Araújo passa de 40. Há vítimas que investiram pouco mais de R$ 6 mil, e também há vítimas que investiram mais aproximadamente R$ 800 mil.
Entre as vítimas, há juízes, delegados, empresários, servidores públicos do judiciário e do MPF.
Houve quem colocasse dinheiro nas mãos de Salatiel na esperança de aumentar o valor investido para ajudar no tratamento de saúde de familiares com alzheimer e autismo. Há quem sonhassem em ampliar seus negócios, e também quem sonhava com a casa própria.
Para quem investiu o que tinha e o que não tinha, porque foi convencido pelo servidor a contrair empréstimo consignado, o sentimento é de revolta.
O g1 tenta contato telefônico com os advogados de Salatiel Farias Araújo.
*Colaborou Adriana Marinho, da produção de jornalismo da Tv Tapajós
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