Reforma tributária deve trazer maior fluidez aos negócios, diz presidente da fabricante da JBL no Brasil

O atual sistema tributário brasileiro é visto como confuso e um dos obstáculos para empresas estrangeiras atuarem no Brasil. Por esse e outros motivos, o presidente da Harman no país, Rodrigo Rihl Kniest, diz à CNN que o Brasil é “complicado”, mas que parte desse problema deve se solucionar com a reforma tributária.

“Lá fora, é complicado entender essa questão tributária do país. Quando aparece um novo CFO na empresa, a gente tem que explicar tudo de novo. Então, para trabalhar no sistema tributário brasileiro, tem que ser brasileiro”, conta.

“[A reforma tributária] vai suavizar, vai tornar os negócios mais fluidos, porque [hoje] é muita documentação e dúvidas sobre a alíquota [aplicada em cada estado]. Com essa simplificação, vai tornar o ambiente de trabalho muito mais tranquilo”, defende o presidente da empresa.

A Harman é uma das empresas líderes no mercado de tecnologia de som, e é detentora da marca JBL. De acordo com a GfK, empresa de inteligência sobre o consumidor, a JBL detém 83% do market share das caixas de som bluetooth do Brasil.

Kniest conta que uma das vantagens adquiridas com esses resultados é que a matriz interfere pouco e dá autonomia para o braço brasileiro.

“Nós temos toda uma estrutura para atender o compliance tributário do Brasil, que é extremamente complexo. E uma grande vantagem que nós temos para executar esse trabalho com eficiência é que a matriz confia na gente, não tem nenhum estrangeiro na nossa estrutura local”, afirma o executivo.

Bem-vinda, mas não ideal

“É muito bem-vinda a simplificação. Acho que a proposta que está vindo é uma melhoria do que se tem hoje. Não é ideal, mas é o que dá para fazer”, comenta Kniest à CNN.

A reforma tributária vai instituir um novo sistema de tributação sobre o consumo com a aplicação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual.

Enquanto os tributos estadual ICMS e o municipal ISS vão dar lugar ao Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), os federais PIS e Cofins serão substituídos pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). O IPI também será extinto, dando lugar ao Imposto Seletivo (IS), o chamado “Imposto do Pecado”.

O problema sobre a reforma destacado pelo presidente da Harman é a quantidade de exceções aprovadas com o projeto. Ao serem aplicados diversos regimes especiais e isenções, a alíquota geral do IVA precisa subir para compensar as perdas.

Para dar segurança ao consumidor e garantir a sustentabilidade do sistema, a Câmara dos Deputados incluiu no projeto um mecanismo que trava a alíquota em 26,5%.

“Nós enxergamos com muito bons olhos a simplificação do sistema tributário, se for implementado como está sendo planejado. O risco que tem é virem mais exceções”, pontua Kniest.

Mercado conceitual

A necessidade de se adaptar às peculiaridades do ambiente de negócios brasileiro levam Kniest a classificar nosso mercado como conceitual.

“O Brasil é complicado, mas dá certo porque viemos com esse viés de popularizar — ou dar acesso — à tecnologia e à qualidade”, afirma o presidente da Harman à CNN.

“As dificuldades nos fazem ser diferentes, e aí acabamos sendo um dos mercados mais arrojados, onde testamos novos conceitos, novas ideias que para o [nosso] mercado fazem sentido.”

Kniest conta que os desenvolvedores do Brasil buscam conhecer o usuário e entender que produtos ele vai usar no seu dia a dia.

“Para ajudar a popularizar, a Harman trouxe produtos de fora e adaptou para o brasileiro. Buscamos trazer a tecnologia de produtos high-end para produtos mainstream”, pontua o executivo.

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