Mulher é condenada à prisão perpétua na França por matar a própria filha de fome

A Justiça francesa condenou à prisão perpétua, nesta sexta-feira (24), uma mulher que matou de fome sua própria filha. Amandine morreu em 2020, aos 13 anos, pesando apenas 28 quilos.

Um tribunal em Montpellier, no sul da França, sentenciou Sandrine Pissarra, de 54 anos, à prisão perpétua, com um período de 20 anos sem direito a benefícios penitenciários.

Os três juízes e o júri popular aplicaram a pena solicitada pelo promotor contra a acusada, descrita como uma “tirana doméstica, ditadora dentro de casa, carrasca de Amandine”.

A morte ocorreu em 6 de agosto de 2020, quando Amandine faleceu de uma parada cardíaca na casa da família em Montblanc. Na época, ela media 1,55 metro e pesava 28 quilos.

Segundo o relatório dos legistas, a morte foi causada por um estado “caquético”, de extrema desnutrição, associado a uma septicemia e a uma possível síndrome de realimentação.

A adolescente, que passou semanas trancada em um sótão sem janelas e sem comida, também havia perdido vários dentes e tinha parte do cabelo arrancado.

De acordo com o relatório psiquiátrico, Pissarra, descrita por seu círculo social como uma pessoa colérica e violenta, pode ter “transferido o ódio” que sentia pelo pai de Amandine para o corpo de sua filha.

Os atos mais graves ocorreram a partir de março de 2020, durante o primeiro confinamento por conta da covid-19 na França, quando a adolescente parou de frequentar a escola.

“Desde muito pequena, Amandine era vítima de socos, pontapés, golpes de vassoura, puxões de cabelo, gritos constantes, insultos e empurrões”, afirmou o promotor Jean-Marie Beney.

Em suas alegações finais, o representante do Ministério Público descreveu um “sistema ditatorial” voltado para “destruir a personalidade da vítima”, que culminou em uma “tortura branca”.

Durante o julgamento, foram exibidas imagens da menor nua e extremamente magra, capturadas pelas câmeras de vigilância instaladas pela mãe no sótão.

O então companheiro da mãe, Jean-Michel Cros, foi condenado a 20 anos de prisão por não prestar assistência à enteada, dois anos a mais do que o solicitado pelo Ministério Público.

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