“O Agente Noturno”: Gabriel Basso mudou após o sucesso? Showrunner explica

A segunda temporada de “O Agente Noturno” chegou na Netflix na quinta-feira (23)  e, no momento desta publicação, está em 1º lugar da lista de séries mais assistidas da plataforma no Brasil.

O thriller é baseado no romance de Matthew Quirk e conta a história de Peter Sutherland, um agente do FBI de baixo escalão. Seus esforços para salvar o presidente na 1ª temporada lhe renderam uma oportunidade de se tornar um Agente Noturno na 2ª temporada.

Em entrevista cedida à CNN, o showrunner Shawn Ryan contou que, após o sucesso da 1ª temporada, o ator Gabriel Basso soube lidar muito bem com toda a atenção. Basso interpreta o protagonista e antes da série não era uma estrela. Após a boa repercussão, levou sua família para o sul do país e até tirou uma licença de pedreiro.

Ryan também falou sobre como a 2ª temporada de distancia do romance em que a história foi baseada. Confira na íntegra:

A série e, especialmente nesta segunda temporada, realmente reforça que não existem apenas “mocinhos” e “bandidos”. Todos têm diferentes questões e são capazes tanto de ações heroicas quanto vilanescas. O quão difícil é escrever contra esses estereótipos?

RYAN: Eu penso bastante sobre o gênero porque nunca escrevi para o gênero de thriller político de ação antes. Tradicionalmente, eu diria que esse gênero teve mais sucesso no cinema do que na TV. E acho que a razão para isso é que há uma tentação de focar muito na trama. Isso pode ser eficaz em um filme de duas horas, mas limita a narrativa em uma temporada de 10 episódios.

A ideia que eu tinha era: “Vamos explorar mais a fundo os personagens do que os filmes fazem”. E uma vez que você mergulha no personagem e decide que não vamos mostrar apenas nossos heróis, mas também as pessoas com quem eles estão enfrentando, você de repente se coloca em uma posição de ver essas pessoas como seres humanos, com suas próprias motivações e razões para fazer o que fazem.

Então, na segunda temporada, mostramos alguém como Tomás Bala, que é o filho britânico educado desse criminoso de guerra, e o conflito interno que ele sente entre querer fazer parte da sociedade respeitável e o que ele deve à sua família. Acho que isso é um vilão muito mais interessante, se é que você quer chamá-lo de vilão — porque ele acaba fazendo algumas coisas ruins — do que simplesmente alguém que é genericamente um capanga de vilão estilo James Bond.

Com a segunda temporada, você agora se distanciou completamente do material original. Qual foi a origem da ideia para a história desta temporada?

RYAN: A primeira temporada termina com Peter sendo feito um agente noturno. Ele já não é mais a pessoa menos importante em um lugar importante. Ele se tornou importante, mas tivemos que garantir que ele passasse por dificuldades de crescimento. Precisávamos encontrar obstáculos no caminho dele que ele não conseguisse superar facilmente.

A premissa que discutimos na primeira temporada foi como era logisticamente difícil, mas moralmente fácil para Peter. Na segunda temporada, eu queria que as situações também fossem moralmente difíceis para ele. Ele é, no fundo, uma pessoa muito boa e moral, que agora se vê lançada nesse mundo onde, às vezes, não pode fazer coisas boas e morais. Na segunda temporada, Rose se torna a sua consciência; ele não pode simplesmente se afastar, desconectado da moralidade. Então a ideia é que Peter está tentando fazer a coisa certa, mas também tentando não se perder muito de quem ele é. Foi a partir dessas premissas que chegamos à trama.

Como você trabalhou com os roteiristas, diretores, consultores e elenco para criar a trama da Missão Iraniana com cuidado?

RYAN: Você quer ser preciso, justo, mas também quer garantir que tenha pessoas daquela cultura contribuindo e monitorando essa trama. Tivemos um roteirista na segunda temporada, Anayat Fakhraie, que é iraniano americano, e cujo pai veio do Irã quando a revolução aconteceu e nunca mais voltou. Mas ele tem muitos parentes ainda no Irã. Contratamos uma diretora iraniano americana, Ana Lily Amirpour, para dirigir o bloco três, que teve várias cenas ocorrendo lá. Quando ela leu o roteiro, sentiu que a trama da Noor era realmente importante para a cultura dela e para o seu povo ver. Também contratamos um tradutor, que tinha responsabilidades adicionais para nos alertar sobre qualquer coisa que estivéssemos fazendo que parecesse culturalmente incorreta. Essas histórias, no final das contas, são humanas, então você está tentando escrever a parte humana delas, mas também garante que tenha pessoas que entendem a cultura para assegurar que as nuances sejam precisas.

Como Gabriel, e sua relação de trabalho com ele, evoluiu da primeira para a segunda temporada?

RYAN: Sempre existe um pouco de preocupação. Você pega alguém que é um ator muito bom, mas que ainda não é uma estrela, coloca ele numa série, e, de repente, ele vira o protagonista da maior série de TV de 2023. E ele é jovem. Como isso vai afetá-lo? Na minha opinião, ele lidou super bem. Ele não caiu em algumas armadilhas que muitos jovens acabam caindo quando atingem o estrelato. Ele só focou no trabalho. Tentou se manter longe das armadilhas do sucesso, foi para o sul com a esposa e os filhos e tirou licença de pedreiro. Conseguiu evitar muitos problemas que podem vir com esse tipo de fama. Mas, ao mesmo tempo, também ficou bem mais confiante. Não que ele não estivesse confiante na primeira temporada, mas agora dá pra sentir essa segurança. Eu realmente não sei qual é o processo dele para se aprofundar nos roteiros e pensar em como vai interpretar as cenas, principalmente porque o trabalho é tão bom que nunca precisei perguntar. Mas ele é extremamente profissional e preparado, chega pontualmente e está sempre pronto para trabalhar.

O que você espera que o público tire da segunda temporada de O Agente Noturno?
RYAN: Uma das coisas legais sobre essa série é que cada temporada é um recomeço. Isso é um desafio porque você precisa criar um mundo completamente novo e muitos personagens novos. Nós, como equipe de roteiristas, estamos apenas tentando nos entreter e nos satisfazer, e então esperamos que isso se traduza para o público. Saber que a primeira temporada foi tão bem-sucedida, que as pessoas não apenas assistiram, mas amaram, me deixa otimista sobre como elas vão receber a segunda temporada.

Este conteúdo foi originalmente publicado em “O Agente Noturno”: Gabriel Basso mudou após o sucesso? Showrunner explica no site CNN Brasil.

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