Irmãos do meio são mais humildes e honestos, sugere pesquisa

"EstudoPsicólogos analisaram informações de 710 mil pessoas e concluíram que ordem de nascimento favorece quem vem no meio, mas ressaltam serem necessários mais estudos sobre o tema.Os caçulas podem discordar, mas irmãos do meio são mais agradáveis, humildes e honestos – é o que afirma estudo divulgado em dezembro revista PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos

A pesquisa foi conduzida pelos psicólogos Michael Ashton e Kibeom Lee, das universidades canadenses de Brock e Calgary. Eles são criadores do modelo de análise de personalidade Hexaco, que avalia seis facetas principais: honestidade-humildade (H), emocionalidade (E), extroversão (X), afabilidade (A), conscienciosidade (C) e abertura à experiência (O).

Os pesquisadores usaram dados do site hexaco.org, onde qualquer um pode fazer um teste de personalidade para descobrir sua posição nesse modelo.

Crianças do meio: mais agradáveis e cooperativas

Os filhos do meio – aqueles com pelo menos um irmão mais velho e um mais novo – , pontuaram mais em honestidade-humildade e afabilidade, seguidos pelos caçulas, os primogênitos e, por fim, os filhos únicos.

Em termos práticos, eles tendem a evitar manipulação, demonstram pouco interesse em riqueza e luxo e têm maior probabilidade de perdoar e cooperar com os outros.

O estudo concluiu também que o número de irmãos faz diferença. Quanto maior a família, mais altas são as pontuações dessas características positivas. Em famílias grandes, a cooperação não é opcional, mas uma necessidade para a convivência diária, o que forjaria essa marca de personalidade a longo prazo, apontam os pesquisadores.

“Quando se tem mais irmãos, é preciso cooperar com mais frequência, em vez de agir segundo preferências egoístas”, explicam Ashton e Lee em seu estudo, conforme relatado pelo site Live Science.

Os pesquisadores levaram em conta outros fatores, como a religião, a que atribuíram cerca de 25% das diferenças observadas – até porque as famílias religiosas tendem a ser maiores. Entretanto a ordem de nascimento e o tamanho da família continuam sendo fatores determinantes.

Questão permanece em aberto

A curiosidade sobre o tema não é nova, mas pesquisas anteriores não haviam encontrado indicadores de que a ordem de nascimento tivesse realmente impactos na personalidade.

Embora a análise de Ashton e Lee ofereça uma nova perspectiva pela dimensão de sua amostra, com 710 mil participantes, os próprios autores ressalvam que serão necessários mais estudos para confirmar essa dinâmica dos filhos do meio.

Como aponta o Live Science, o campo da pesquisa sobre ordem de nascimento está repleto de descobertas contraditórias e estereótipos populares que vão desde o primogênito brilhante até o caçula mimado e o filho do meio mediador.

Uma revisão publicada em 2015 na PNAS já alertava para essa complexidade: após duas décadas de pesquisa, os resultados variavam de fortes correlações a nenhum padrão, com o agravante de que muitos estudos se baseavam em amostras limitadas.

O estudo de longa duração Project Talent, que acompanha 272 mil adultos americanos que cursaram o ensino médio em 1960, encontrou apenas uma vantagem intelectual modesta para os irmãos mais velhos. Em 2020, outro estudo que buscava diferenças entre filhos únicos e os com irmãos não revelou diferenças em termos de narcisismo.

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