Aumento do diesel vem num momento ruim para inflação, mas terá de ser feito, avaliam assessores presidenciais


Bocal de bomba para abastecimento de combustível em posto de Brasília.
Reuters/Adriano Machado
O aumento do diesel comunicado nesta segunda-feira (27) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela presidente da Petrobras, Magda Chambriard, vem num momento ruim para a inflação, mas terá de ser feito porque o combustível está há mais de um ano sem reajuste. E o preço lá fora está mais alto do que aqui, com uma defasagem na casa de 11%.
A avaliação é de assessores presidenciais, preocupados com as pressões inflacionárias neste início de ano principalmente na área de alimentos. Diesel mais caro pode levar a um aumento de custo para produtos alimentícios porque a produção brasileira é transportada, em sua maioria, por rodovias. A informação do aumento do diesel foi publicada pelo blog da Ana Flor.
Ana Flor: Petrobras deve subir preço dop diesel
As previsões do mercado para a inflação neste ano estão em 5,5%, um ponto percentual acima do teto da meta inflacionária, que é de 4,5%. No ano passado, o IPCA, índice oficial da inflação, ficou em 4,83%, também acima do teto da meta. Para combater a inflação, o Banco Central está num ciclo de aumento da taxa Selic, que nesta semana vai subir de 12,25% para 13,25% ao ano.
A equipe de Lula entende que Magda Chambriard tem feito um bom trabalho, evitando repassar a instabilidade do dólar diretamente para o preço dos combustíveis. Agora, porém, isso não seria mais possível. A presidente da Petrobras tem sido cobrada por importadores de combustíveis pela demora em reajustar os preços. Eles lembram que o diesel teve seu último aumento em 2023. No caso da gasolina, o último reajuste foi há cerca de seis meses.
Nesta quarta-feira (29), o Conselho de Administração da Petrobras vai se reunir. Um dos pontos da pauta da reunião é a política de preços da estatal. Os acionistas minoritários devem cobrar uma política mais realista para evitar prejuízos para o caixa da estatal, o que estaria gerando perda de faturamento para a empresa.
Segundo interlocutores da presidente da estatal, a equipe técnica está trabalhando com um aumento entre R$ 0,18 e R$ 0,24 no diesel. No caso da gasolina e do gás de cozinha, ainda há um espaço para manter os preços no patamar atual. Em relação ao diesel, o produto já estaria no piso mínimo para ficar sem reajuste. Daí a decisão da presidente da estatal comunicada ontem ao governo federal, acionista majoritário da Petrobras.
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