Quem são os políticos eleitos em 2024 citados em lista suja de trabalho escravo

Um prefeito e cinco vereadores eleitos no pleito municipal de 2024 estão ligados a empresas que aparecem na chamada lista suja do trabalho escravo. Os nomes foram obtidos em um levantamento do g1 e divulgado na terça-feira, 28, Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.

Durante operações conjuntas do Ministério do Trabalho, Polícia Federal e Ministério Público Federal, foram identificadas irregularidades graves, como falta de acesso à água potável, condições insalubres e exposição a substâncias tóxicas.

A “lista suja” do trabalho escravo foi criada em 2003 pelo Ministério do Trabalho com o intuito de combater a prática no país. Ela também serve como ferramenta de transparência e prevenção. O cadastro, atualizado semestralmente, contém dados de empresas e indivíduos flagrados cometendo essa contravenção.

Saiba que são os vereadores e prefeitos que estão na lista

O prefeito reeleito em Alto do Paraíso de Goiás (GO), Marcus Rinco (União), é proprietário da Nascente Agro-Industrial, que produz carvão vegetal na região. A empresa teve 15 autuações em 2021 por não fornecer água potável, nem banheiros adequados nos postos de serviço.

Na ocasião, a empresa foi interditada e Rinco, multado em R$ 34,5 mil. Já os trabalhadores acabaram sendo transferidos para outro alojamento sediado na mesma fazenda. A defesa do prefeito afirmou que houve correções e a Nascente Agro-Industrial está cumprindo todas as obrigações trabalhistas.

O vereador em Beberice (CE) Eduardo Lima (PSB) é dono da Fazenda Pimenteiras, produtora de castanha de caju. De novembro de 2022 a janeiro de 2023, uma operação do ministério resgatou 22 pessoas, sendo duas menores de idade (16 e 17 anos), por trabalharem sete dias da semana em um local sem água e banheiro.

Lima recebeu 19 autos de infração e, como as multas não foram pagas, ele está inscrito na dívida ativa da União e deve R$ 315.131,33. A defesa do parlamentar não se pronunciou.

Fabiano (MDB), vereador em Vera Mendes (PI), é proprietário de uma pedreira autuada seis vezes. Em 2022, o Ministério do Trabalho resgatou 10 funcionários que moravam em barracos de madeira cobertos com lonas plásticas. Além disso, eles improvisavam um fogão com um gradil de ferro e madeira para fazerem as refeições.

O parlamentar está inscrito na dívida ativa com multas pendentes de R$ 23.971,71. A defesa afirmou que todas as medidas foram adotadas para corrigir as irregularidades apontadas.

O vereador em Amarante (PI) Manoel Nascimento (Republicanos) é dono de uma empresa especializada em extração e britamento de pedras no município. O ministério resgatou 22 funcionários no ano de 2022 por não terem acesso à água própria para consumo e banheiro. Eles ainda dividiam três alojamentos de palha precários, sem saneamento básico.

Em razão disso, o parlamentar foi autuado 14 vezes e possui um débito ativo de R$ 244 mil em multas administrativas. A defesa de Nascimento disse que irá se manifestar apenas judicialmente.

Gilvan Macedo (Avante), eleito vereador em Ipirá (BA), foi autuado em 2023 por não fornecer água potável e não realizar o pagamento do 13° e FGTS aos seus funcionários na GM Transportadora e Logística, que também atua com carvão vegetal. Na ocasião o Ministério do Trabalho resgatou cinco trabalhadores por fazerem o carregamento de carvão sem registro, por não receberem adicional noturno e não tinham folgas.

Devido a isso, Macedo foi multado em R$ 21,2 mil. A defesa do político destacou que todas as exigências foram cumpridas, bem como a quitação dos valores das multas e taxas.

Já o vereador Fernando Morandi (PSB) é dono da Cerâmica e Carvoaria Morandi, localizada em uma fazenda em Porto Vitória (PR), e teve a empresa autuada em 2022 após três funcionários terem sido resgatados.

Os trabalhadores atuavam diretamente na produção de carvão vegetal e não tinham acesso aos equipamentos de segurança necessários e o local de trabalho não tinha chaminé, nem ventilação adequada, o que deixava os funcionários expostos a substâncias tóxicas próprias da queima do carvão.

Além disso, os alojamentos eram de madeira apodrecida, com paredes com frestas e furos pelos quais entravam ratos, insetos e o vento típico da região. A empresa foi multada 15 vezes, somando uma dívida de quase R$ 23 mil, que foi paga em 2022. Procurado, o vereador não se manifestou sobre o ocorrido.

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