Profissionais acusam Pochmann de usar IBGE para “promoção pessoal”

Em meio à crise interna no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), servidores da área de comunicação do órgão elaboraram, nesta sexta-feira (31), um manifesto contra o presidente da instituição, Marcio Pochmann.

No manifesto, ao qual a CNN teve acesso, o grupo acusa Pochmann de usar o aparato de comunicação do IBGE para “promoção pessoal”. O texto é assinado por funcionários da comunicação e servidores de outras áreas do instituto, e deve ser divulgado oficialmente entre esta sexta e o sábado (1º).

Os funcionários defenderam a aplicação de concursos públicos para o ingresso de servidores e afirmaram que os profissionais nomeados sem concurso são “comprometidos a servir a quem os nomeou”.

“Os profissionais de comunicação trazidos ao IBGE pelo sr. Pochmann se sobrepuseram aos servidores de carreira concursados e impuseram uma dinâmica que saturou a página do IBGE na internet, a Agência IBGE e as redes sociais do Instituto com notícias sobre o presidente e suas realizações, em detrimento dos releases, notícias e postagens essencialmente relevantes sobre os resultados das pesquisas do instituto”, consta no documento.

O manifesto também afirma que a equipe de comunicação do IBGE divulgou, ao longo de 2024, dados sobre a queda do desemprego, a redução da população abaixo da linha da pobreza e os primeiros resultados do Censo de 2022. No entanto, segundo os servidores, a retrospectiva de 2024 redigida sob supervisão da equipe nomeada por Pochmann trata apenas sobre o próprio presidente.

“O IBGE paralelo está ofuscando o IBGE que realmente interessa à sociedade brasileira. As divulgações sobre o PIB, a inflação e o desemprego, inclusive os aguardadíssimos resultados do Censo 2022, tiveram que ceder espaço à avalanche de notícias sobre a gestão Pochmann. Grande parte das notícias divulgadas pela Agência IBGE ao longo do ano passado é composta por textos enaltecendo a gestão do atual presidente do instituto, redigidos sob a orientação dos seus assessores”, afirmaram os servidores.

O grupo também avaliou o suposto uso do aparato de comunicação para promoção pessoal de Pochmann como “desrespeito à essência dos institutos oficiais de estatísticas”. Além disso, o manifesto afirma que Pochmann não mantém uma boa relação com a imprensa.

“Pochmann, ao contrário de quase todos os que o antecederam no cargo, até hoje não deu uma coletiva para a imprensa que cobre o IBGE rotineiramente, preferindo falar com correspondentes estrangeiros, blogueiros amigos ou com veículos isolados, escolhidos sem qualquer transparência”, consta no documento.

O grupo também acusa assessores nomeados por Pochmann de manterem uma relação “autoritária” com os servidores de carreira.

Crise

A tensão teve início ainda no ano passado, após a criação da Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica do IBGE, chamada de IBGE+. O braço da instituição produz projetos e pesquisas para instituições privadas. Os recursos são direcionados ao IBGE.

Na avaliação de servidores, a fundação foi criada sem diálogo com os funcionários do instituto. Eles avaliam que Pochmann “impôs a criação da Fundação IBGE+ como única alternativa às demandas por recursos financeiros”.

Na quarta-feira (29), o Ministério do Planejamento e Orçamento e o IBGE divulgaram uma nota informando a suspensão temporária da Fundação IBGE+. A decisão foi tomada em comum acordo, segundo o comunicado.

Também na quarta, antes da suspensão das atividades do instituto, Pochman afirmou que as críticas à atual gestão são “normais” em um regime democrático. Pochmann também disse que o IBGE viveu momentos de instabilidade, devido às constantes trocas na presidência nos últimos anos, e que a gestão dele é responsável por “estabilizar” o Instituto.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Profissionais acusam Pochmann de usar IBGE para “promoção pessoal” no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.