Trump retira EUA do Conselho de Direitos Humanos da ONU

Durante visita do premiê de Israel, presidente dos EUA ordena fim da participação americana no órgão da ONU e mantém suspensão da ajuda à agência para os palestinos UNRWA.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta terça-feira (04/02) uma ordem executiva para encerrar a participação do país no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidase manter a suspensão do financiamento da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA).

A ordem executiva também ordena uma revisão do envolvimento americano na Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

As decisões coincidem com a visita a Washington do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, um ferrenho crítico da UNRWA. Ele acusa a entidade de incitar sentimentos anti-israelenses e alega que a equipe dela estaria “envolvida em atividades terroristas contra Israel”.

Os decretos de Trump vieram em reação ao que o assessor da Casa Branca Will Scharf descreveu como um “preconceito antiamericano” que supostamente haveria nas agências da ONU.

“Disparidades de financiamento” entre os países

Os 47 membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU, com sede em Genebra, são eleitos pela Assembleia Geral da entidade para mandatos de três anos. A ordem executiva desta terça-feira parece encerrar toda a participação dos EUA nas atividades do conselho, que incluem análises dos registros sobre direitos humanos dos países e alegações específicas de abusos desses direitos.

“De forma mais geral, a ordem executiva pede uma revisão do envolvimento e financiamento americano na ONU à luz das disparidades selvagens e níveis de financiamento entre diferentes países”, disse Scharf.

Trump já havia retirado os EUA do Conselho de Direitos Humanos em junho de 2018, durante o seu primeiro mandato. Sua embaixadora na ONU na época, Nikki Haley, acusou o conselho de “preconceito crônico contra Israel” e apontou para o que ela disse serem violadores de direitos humanos entre seus membros.

Porém, o presidente Joe Biden renovou o apoio ao conselho, e os EUA ganharam um assento no órgão de 47 nações em outubro de 2021. Esse mandato se encerrou em dezembro passado. Já no fim de setembro, o governo Biden anunciara que os Estados Unidos não buscariam um segundo mandato consecutivo.

A atual ordem executiva de Trump tem, assim, pouco efeito concreto por os Estados Unidos já não serem membros do conselho, disse o porta-voz do conselho, Pascal Sim. Mas, como todos os outros países-membros da ONU, os EUA têm automaticamente o status de observador informal e ainda terão um assento na câmara do conselho no complexo da ONU em Genebra.

Trump destacou o “tremendo potencial” da ONU, mas disse que a entidade “não está sendo bem administrada”. “Deveria ser financiada por todos”, criticou, afirmando que seu país apoia a entidade de maneira desproporcional em relação aos demais Estados-membros.

UNRWA sob críticas

A UNRWA é a principal agência de ajuda aos palestinos, com muitas das 1,9 milhão de pessoas deslocadas pela guerra na Faixa de Gaza dependendo de suas entregas de ajuda humanitária para sobreviver.

Sob Trump, Washington apoiou uma ação de Israel para proibir a agência, depois que o aliado dos EUA acusou a UNRWA de espalhar material que supostamente pregava o ódio.

O financiamento dos EUA para a UNRWA foi interrompido em janeiro de 2024 pelo governo do ex-presidente Joe Biden depois que Israel acusou 12 de seus funcionários de envolvimento nos ataques terroristas do grupo islamista Hamas em 7 de outubro de 2023, o que a UNRWA nega.

Investigações relataram alguns “problemas relacionados à neutralidade” na UNRWA, mas não encontraram evidências para as principais alegações de Israel, e a maioria dos outros doadores que suspenderam o financiamento de forma semelhante retomaram o apoio financeiro.

No início de seu segundo mandato, Trump também retirou os EUA do Acordo Climático de Paris e da Organização Mundial da Saúde (OMS), entidade da qual o país era um dos maiores doadores.

rc/as (AFP, Reuters, AP, Efe)

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