Críticas negativas a ‘Ainda Estou Aqui’ despertam fúria de brasileiros nas redes

Dá para falar mal de “Ainda Estou Aqui”? Calma, a gente não veio apontar nenhum defeito do filme. O objetivo deste vídeo é falar sobre a forma como os brasileiros têm lidado com as críticas ao longa nas redes sociais.

A começar pela crítica especializada. Depois de publicar um texto que dava 1 de 4 estrelas a “Ainda Estou Aqui” – e ainda chamava a atuação de Fernanda Torres de monótona –, o jornal francês “Le Monde” sentiu a força do público brasileiro. Da pior forma possível.

Em apenas dois dias, a publicação teve que apagar 21.600 comentários ofensivos de brasileiros em suas redes sociais, especialmente no Instagram. A média diária costuma ficar em 700. Até aí tudo bem. Ainda que o crítico Jacques Mandelbaum tenha todo o direito de não gostar do filme, dá para entender por que alguns fãs se sentiram ofendidos com suas colocações.

Depois disso, começaram a atacar a atriz Karla Sofía Gascón, protagonista do filme “Emilia Pérez”. Em vez de celebrar a histórica indicação simultânea de uma mulher brasileira e uma mulher trans em um prêmio dominado por produções hollywoodianas, os haters escolheram jogar hate na segunda.

A ponto de Karla pedir socorro para a própria Fernanda Torres, que teve que publicar em suas redes um vídeo pedindo para não alimentarem o ódio nem colocarem uma contra a outra.

Mas aí ela deu um tiro no pé ao dar a entender em uma entrevista que a equipe de Fernanda e do filme estariam por trás do linchamento virtual. E depois teve exposta uma enxurrada de tweets em que ofende todas as minorias possíveis. Isso que não estamos nem discutindo o fato de um filme sobre mexicanos ter sido feito por um francês e protagonizado por uma espanhola.

Mas, enfim, voltando a “Ainda estou aqui”. Nem mesmo um vídeo publicado no Instagram da revista “Vanity Fair” conseguiu escapar de comentários de brasileiros. Isso que o filme foi apenas citado brevemente como uma surpresa entre as indicações.

O comentário é um exemplo representativo dos dois lados da moeda que é a paixão dos brasileiros, tão admirada por artistas que se apresentam no Brasil – e, agora, explorada por produtores de conteúdo mundo afora por puro engajamento.  Como dizia o poeta Augusto dos Anjos, “a mão que afaga é a mesma que apedreja”.

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