Kremlin diz que EUA e Rússia intensificaram conversas sobre Ucrânia

O governo da Rússia confirmou pela primeira vez que está envolvido em conversas sobre a Ucrânia com as autoridades dos Estados Unidos.

“De fato, existem contatos entre departamentos individuais e eles se intensificaram recentemente”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta quarta-feira (5). Ele se recusou a dar mais detalhes sobre o assunto.

Os comentários de Peskov foram feitos depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, disse na terça-feira (4) que o país está envolvido em conversas “construtivas” com Rússia e Urânia.

“Estamos tendo conversas muito boas, conversas muito construtivas sobre a Ucrânia”, comentou Trump durante uma coletiva de imprensa com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

O presidente dos EUA acrescentou que discussões tanto com autoridades russas quanto com líderes ucranianos estão em andamento.

Segundo o Kremlin, Moscou continua aberta ao diálogo, mas enxerga Volodymyr Zelensky como um presidente “ilegítimo” na Ucrânia. Peskov enfatizou que quaisquer negociações significativas devem ser iniciadas por Kiev, dadas as operações militares em andamento.

Zelensky afirmou na terça-feira (4), em uma entrevista ao programa de Piers Morgan no YouTube, que está disposto a negociar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se esta for a única opção.

“Se essa for a única opção para trazer paz aos cidadãos da Ucrânia e não perder mais pessoas, (então) iremos definitivamente optar por essa opção”, destacou Zelensky.

Mensagem de Trump ao chegar ao Salão Oval

Dois dias depois de retornar à Casa Branca, Trump emitiu um aviso à Rússia, ameaçando impor sanções econômicas se Putin não acabar com a guerra da Ucrânia. Depois, nas redes sociais, publicou que “pode fazer isso da maneira mais fácil ou da maneira mais difícil”.

A mensagem deu início a uma série de comentários críticos do republicano contra Putin, a quem acusou de “destruir a Rússia” após a invasão em grande escala na Ucrânia em fevereiro de 2022.

“Se não fizermos um ‘acordo’, e em breve, não tenho outra escolha senão impor elevados níveis de impostos, tarifas e sanções sobre tudo o que a Rússia vende aos Estados Unidos e a vários outros países. Vamos acabar com esta guerra, que nunca teria começado se eu fosse presidente!”, escreveu Trump na Truth Social.

“Não pretendo prejudicar a Rússia. Amo o povo russo e sempre tive um relacionamento muito bom com o presidente Putin”, destacou.

Trump já havia deixado aberta a possibilidade de novas sanções à Rússia pela invasão da Ucrânia.

Entenda a guerra entre Rússia e Ucrânia

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e entrou no território por três frentes: pela fronteira russa, pela Crimeia e por Belarus, país forte aliado do Kremlin.

Forças leais ao presidente Vladimir Putin conseguiram avanços significativos nos primeiros dias, mas os ucranianos conseguiram manter o controle de Kiev, ainda que a cidade também tenha sido atacada. A invasão foi criticada internacionalmente e o Kremlin foi alvo de sanções econômicas do Ocidente.

Em outubro de 2024, após milhares de mortos, a guerra na Ucrânia entrou no que analistas descrevem como o momento mais perigoso até agora.

As tensões se elevaram quando o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o uso de um míssil hipersônico de alcance intermediário durante um ataque em solo ucraniano. O projétil carregou ogivas convencionais, mas é capaz de levar material nuclear.

O lançamento aconteceu após a Ucrânia fazer uma ofensiva dentro do território russo usando armamentos fabricados por potências ocidentais, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França.

A inteligência ocidental denuncia que a Rússia está usando tropas da Coreia do Norte no conflito na Ucrânia. Moscou e Pyongyang não negam, nem confirmam o relato.

O presidente Vladimir Putin, que substituiu seu ministro da Defesa em maio, disse que as forças russas estão avançando muito mais efetivamente – e que a Rússia alcançará todos os seus objetivos na Ucrânia, embora ele não tenha dado detalhes.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse acreditar que os principais objetivos de Putin são ocupar toda a região de Donbass, abrangendo as regiões de Donetsk e Luhansk, e expulsar as tropas ucranianas da região de Kursk, na Rússia, das quais controlam partes desde agosto. 

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Kremlin diz que EUA e Rússia intensificaram conversas sobre Ucrânia no site CNN Brasil.

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