Israel prepara plano de evacuação ‘voluntária’ de Gaza

Tel Aviv anuncia sua retirada do Conselho de Direitos Humanos da ONU.Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar planos para uma ocupação americana da Faixa de Gaza, o ministro israelense da Defesa, Israel Katz, ordenou às Forças Armadas que elaborem um plano para que palestinos deixem o território “voluntariamente”.

Na terça-feira (04/02), Trump surpreendeu a comunidade internacional, ao afirmar, ao lado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que “os EUA tomarão a Faixa de Gaza”. “E faremos um trabalho com ela, também. Nós seremos donos dela.”

Katz elogiou nesta quinta-feira o plano de Trump para o território palestino conflagrado, chamando-os de “corajoso”: “Os moradores de Gaza devem ter a liberdade de sair e emigrar, como é a norma em todo o mundo. Instruí [as Forças Armadas] a prepararem um plano para que qualquer morador de Gaza que queira sair, o faça, para qualquer país que esteja disposto a aceitá-lo.”

Via X, o ministro de Netanyahu também afirmou que o plano permitiria a palestinos abandonarem o enclave por “passagens terrestres, bem como arranjos especiais para partida por mar e ar”. Segundo Katz, o Hamas teria feito a própria população palestina refém, explorando-a “através do sistema de ajuda humanitária”, e bloqueando sua saída do território.

“Países que criticaram Israel devem acolher palestinos”

Katz argumentou ainda que os países que se opõem à ação militar israelense em Gaza deveriam receber esses palestinos: “Países como Espanha, Irlanda, Noruega, e outros, que fizeram acusações e insinuações contra Israel e suas ações em Gaza, são legalmente obrigados a permitir o ingresso em seus territórios a qualquer morador de Gaza.”

O ministro acrescentou que os esforços de reconstrução de uma Gaza pós-Hamas “desmilitarizada e livre de ameaças” levarão “muitos anos”.

Em entrevista à emissora americana Fox News, Netanyahu elogiou a fala de Trump sobre Gaza, classificando-a como “a primeira boa ideia que ouvi”: “É uma ideia notável, e acho que deveria ser realmente examinada, perseguida e levada a cabo, porque acho que criará um futuro diferente para todos.”

À exceção de Israel, as declarações de Trump sobre Gaza deixaram em alerta a comunidade internacional, tendo sido prontamente rejeitadas por diversos governantes e aliados regionais, inclusive a Arábia Saudita.

Israel abandona Conselho de Direitos Humanos da ONU

Seguindo os passos de Trump, que fez o mesmo após assumir a Casa Branca, Israel anunciou via X nesta quinta-feira sua saída do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (UNHRC, na sigla em inglês).

O ministro israelense do Exterior, Gideon Saar, disse que a decisão “foi tomada à luz do viés institucional contínuo e implacável contra Israel”, persistente no órgão “desde a sua criação, em 2006”. Pelo fato de investigar a situação dos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados, ele negaria o direito de Israel à existência, reforçou.

Embora o UNHRC não disponha de poderes legais, seus debates têm peso político e podem ajudar a pressionar governos ou até mesmo fundamentar processos por crimes de guerra perante cortes internacionais.

A relatora especial da ONU para o Território Ocupado da Palestina, Francesca Albanese, comentou à agência de notícias Reuters que a saída de Israel é “extremamente séria”: “Mostra a arrogância e a falta de percepção do que eles fizeram. Insistem na própria superioridade moral, afirmando que não devem nada, e o estão provando para toda a comunidade internacional.”

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