Esqueçam o resultado primário – olhe a trajetória do endividamento

Você já parou para pensar por que razão todo mundo se preocupa tanto com a busca de superávit primário? O cálculo do resultado primário é a diferença da arrecadação menos os gastos do governo, excluindo as despesas com juros. É claro que no final das contas o Tesouro Nacional tem que pagar os juros. O cálculo só é uma forma de ver o resultado do governo sem as despesas financeiras. A ideia é que se o governo consegue superávit primário acima de determinado valor, ele estabiliza a dívida pública.

Na prática, o resultado primário, serve como um indicador de estabilidade da dívida pública, ou seja, se ela vai crescer ou não. Atualmente, para essa estabilizar a dívida pública, precisamos de um superávit primário de 2% do PIB. Nem é preciso dizer que que estamos muito longe disso.

Em 2024, o governo comemorou o déficit de 0,10% do PIB, com a exclusão de gastos de combates às  queimadas e ao desastre de chuvas no RS. Incluindo essas despesas, o déficit seria de 0,4% do PIB. Há economistas que estimam que o déficit seria ainda maior, incluindo outras despesas não consideradas na métrica.

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Há uma série de despesas que não entraram no Orçamento em 2024, como os gastos com o programa Pé de Meia, Auxílio Gás entre outras despesas ligadas a fundos do governo.

O ponto é que é sempre possível justificar a inclusão ou a exclusão de uma despesa no cálculo. Porém, independentemente de considerar ou não a variável no cálculo, o governo terá que pagar todas as despesas, incluindo os juros.

Por essa razão, duas métricas simples, não sujeitas a manipulações, são muito mais interessantes para avaliar a saúde financeira do Estado brasileiro: a dívida pública e o resultado nominal. Por esses cálculos vamos de mal a pior. 

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