Cidade das Mangueiras: Belém sofre com queda de árvores centenárias

Belém, a capital do Pará, conhecida nacionalmente como a “Cidade das Mangueiras”, vem sofrendo com a queda de árvores centenárias. Desde o início de 2025, mais de dez mangueiras já caíram, causando transtornos no trânsito e deixando muitos moradores sem energia.

Essas árvores, de copa imponente e frutos carnudos, fazem parte do patrimônio histórico e cultural da cidade, proporcionando sombra, ajudando a reduzir a temperatura e melhorando a qualidade do ar.

No entanto, esses exemplares, que não são nativos da região, mas foram introduzidos em Belém durante o período colonial, necessitam de manutenção para que sejam preservados.

Segundo o mestre em Botânica Tropical Edilson Freitas, a intensificação das mudanças climáticas tem agravado esse cenário, pois períodos prolongados de seca se alternam com chuvas intensas e rajadas de vento, tornando as árvores mais vulneráveis.

“As mangueiras que já estão fragilizadas pela falta de manutenção ficam ainda mais suscetíveis a quedas quando expostas a esses fenômenos climáticos extremos. A falta de poda ou podas inadequadas compromete seu equilíbrio. Além disso, fissuras, agressões físicas e químicas afetam a saúde dos caules, enquanto as raízes são prejudicadas pela falta ou inadequação de canteiros, que acabam por estrangulá-las”, explica o especialista.

Na noite da última quarta-feira (5), mais um registro de queda de árvore ocorreu em Belém. Desta vez, após uma forte chuva, houve também a explosão de um poste de energia.

O fato, infelizmente, não é isolado. Outras grandes árvores já caíram ao longo da semana e, no ano passado, houve o registro da perda de uma samaumeira, árvore símbolo de ancestralidade amazônica, que ficava localizada próximo à Basílica de Nazaré, um dos principais pontos turísticos de Belém.

Sobre os registros, o botânico paraense destaca que os impactos dos fenômenos climáticos El Niño e La Niña também contribuem para a instabilidade climática na região.

Essa ação acaba resultando em variações bruscas de temperatura e aumento na frequência de chuvas volumosas, o que sobrecarrega as árvores centenárias e eleva os riscos para pedestres, motoristas e imóveis próximos.

Medidas emergenciais

A Prefeitura de Belém informou que, desde o início da nova gestão, vem realizando um mapeamento técnico e que identificou 47 árvores necessitando de intervenção urgente, sendo 27 com risco iminente de queda.

Na última segunda-feira (3), foram retomados os trabalhos de poda e supressão, que haviam sido paralisados desde setembro de 2024.

Segundo Junior Melo, chefe da Divisão do Departamento de Áreas Verdes Públicas da Semma, o estudo abrangeu 14 bairros e considerou inspeção visual, análise fitossanitária e laudos técnicos.

“O principal critério para definir as áreas prioritárias é o risco iminente de queda. Árvores inclinadas, com raízes expostas, calçadas levantadas e porte muito alto são as que apresentam maior necessidade de intervenção”, detalhou Melo.

A Semma também já iniciou intervenções no centro de Belém, onde a maioria das ações são podas de condução, rebaixamento e livramento, além das 27 supressões programadas.

Conscientização e preservação da arborização

Para o botânico, além das ações emergenciais, é fundamental fortalecer as equipes de gestão pública e promover o engajamento da sociedade na preservação das árvores urbanas.

Campanhas educativas e o incentivo à participação popular são essenciais para garantir a manutenção e recuperação da arborização da cidade.

“As árvores não são apenas elementos da paisagem urbana; elas desempenham um papel crucial na qualidade de vida e no equilíbrio ambiental. Investir na arborização de Belém é investir no futuro sustentável da cidade”, conclui Edilson Freitas.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Cidade das Mangueiras: Belém sofre com queda de árvores centenárias no site CNN Brasil.

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