Bolsonarista é condenado por assassinato de tesoureiro do PT em 2022

Pena de ex-policial penal é de 20 anos de prisão e cabe recurso. Crime por discussão política marcou a campanha eleitoral daquele ano.O ex-policial penal bolsonarista Jorge Guaranho foi condenado nesta quinta-feira (13/02) a 20 anos de prisão pelo assassinato do ex-tesoureiro do PT Marcelo Arruda durante a celebração do aniversário de 50 anos do petista, em Foz do Iguaçu, Paraná, em julho de 2022.

A sentença é de homicídio duplamente qualificado por motivo fútil, vinculado neste caso à motivação política do crime, e perigo comum, ou seja, colocar outras pessoas em risco.

O julgamento, realizado no Tribunal do Júri de Curitiba, foi presidido pela juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler. Ao detalhar a pena, ela citou o momento político do país e entendeu que o acusado revela traços intolerantes de personalidade ao “não aceitar preferências diversas das suas”.

“Não se desconhece o antagonismo político presenciado no Brasil notadamente nos últimos anos; contudo, a intolerância política, ou seja, o não aceitar que o outro tenha preferências políticas diversas das suas revela traço, como dito, intolerante da personalidade do acusado”, escreveu a magistrada na decisão. Ela também pontuou como agravante o fato de Garanho ter utilizado no crime uma arma pertencente à União e dirigido seu veículo aos gritos de “aqui é Bolsonaro”.

O crime, motivado por uma discussão política, marcou a acirrada pré-campanha eleitoral daquele ano, disputada entre Luiz Inácio Lula da Silva e o então presidente Jair Bolsonaro, que já acumulava episódios de tensão e violência política.

Defesa vai recorrer

A defesa de Guaranho disse que vai recorrer da decisão. Ele foi condenado a prisão imediata em regime fechado. Desde 2024, o ex-agente penitenciário cumpria pena domiciliar.

Dez testemunhas foram ouvidas no processo, incluindo o réu. Ele afirmou que não foi à festa de Marcelo “nem para brigar, nem para matar” e justificou que agiu em defesa pessoal, e não por motivação política, após Marcelo ter avançado contra ele. Esta era a principal tese da defesa, rejeitada pelo júri popular que avaliou o caso.

Em entrevista à imprensa antes da sentença, Guaranho afirmou que não atirou em Marcelo por motivos políticos. “Foi uma fatalidade”, disse.

Crime marcou campanha

O crime aconteceu quando Marcelo Arruda celebrava seu aniversário na Associação Recreativa Esportiva Segurança Física de Itaipu (Aresfi), em Foz do Iguaçu. Arruda era tesoureiro do PT, e a comemoração tinha como tema o então candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. A festa foi interrompida quando Guaranho passou no local gritando “aqui é Bolsonaro”.

Após Guaranho gritar por vários segundos, Arruda saiu da festa e atirou uma pedra no carro do agente. Guaranho inicialmente deixou o local, mas retornou 20 minutos depois e abriu fogo contra Marcelo. Ferido, Arruda revidou e acertou três vezes o agente penitenciário.

gq (ots)

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