Inflação argentina cai para nível mais baixo desde julho de 2020

A inflação se manteve em queda na Argentina, e foi de 2,2% em janeiro e 84,5% em 12 meses, segundo números oficiais divulgados nesta quinta-feira (13), após mais de um ano de políticas de austeridade do presidente Javier Milei, que moderaram os aumentos de preços, mas tiveram um custo social.

Esse foi o dado mensal mais baixo desde julho de 2020, e o primeiro dado de inflação em 12 meses inferior a 100% desde janeiro de 2023, quando ela foi de 98,8%, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (Indec).

“O Índice de Preços ao Consumidor Nacional registrou uma variação de 2,2% em janeiro, confirmando a continuidade do processo de desinflação. Dessa forma, a inflação mensal foi a menor desde julho de 2020”, informou o Ministério da Economia.

Milei comemorou em um vídeo publicado no Instagram: “Seguimos fazendo história, somos o melhor governo da História.”

O ministro da Economia, Luis Caputo, ressaltou no X que “2,2% é a inflação mais baixa em quase 5 anos. O processo de desinflação continua.”

A alta de preços foi puxada pelo setor de “Restaurantes e hotéis”, com 5,3%, em plena temporada de férias dos argentinos, enquanto, no extremo oposto, apareceu o setor de “Peças de vestuário e calçados”, que registrou queda de 0,7%.

O viés de baixa da inflação se manteve nos últimos 13 meses – com um leve repique em agosto e dezembro -, sob o mandato do presidente Javier Milei, que implementou um ajuste fiscal e um corte dos gastos públicos que, segundo o Instituto Argentino de Análise Fiscal (Iaraf), foi de 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB).

Com sua política econômica, o governo conseguiu o primeiro superávit fiscal anual desde 2010, mas, por outro lado, consolidou-se uma recessão e no primeiro semestre houve um salto de 11 pontos na pobreza, que afetou 52,9% da população. Há indícios de que o índice tenha diminuído no segundo semestre.

A queda da inflação, no entanto, não tem o mesmo impacto na vida de todos os argentinos, muitos deles afetados pela queda anual na atividade dos setores da construção (-14,2%), indústria manufatureira (-2,3%) e atacado, varejo e reparações (-1,3%), segundo dados oficiais de novembro, os mais recentes disponíveis.

Nessa linha, em 2024 o consumo de leite foi o mais baixo dos últimos 34 anos, enquanto o consumo per capita de carne foi o segundo mais baixo desde que os registros começaram, em 1914, segundo um estudo realizado pela fundação Inovação com Inclusão.

Para alguns argentinos, a situação econômica é desesperadora: “Não temos dinheiro suficiente. Não podemos comprar nada, não podemos comprar carne”, disse à AFP o aposentado Miguel Baldazarra, 75.

Outros se mostram mais esperançosos com o governo de Milei e a queda da inflação: “Temos que aguentar o máximo que pudermos e tentar ajudar as pessoas com a questão dos preços”, disse à AFP Kevin Gonzalez, 27 anos, responsável por uma loja de frutas e verduras.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu para a Argentina um crescimento de 5% tanto para 2025 quanto para 2026, acima da média mundial, de 3,3% para os mesmos anos, segundo o órgão.

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