EUA e Rússia: saiba o que mudou entre os países após Trump voltar à Casa Branca


Presidente americano muda estratégia dos Estados Unidos de isolar o presidente russo, Vladimir Putin, e choca aliados europeus por adotar tom apaziguador com o Kremlin. EUA e Rússia: o que mudou entre os dois países depois que Trump voltou à Casa Branca
Enquanto a Europa discute o futuro, os Estados Unidos também debatem o futuro da Europa. Só que os americanos vão negociar esse futuro nesta terça-feira (18) na Arábia Saudita. Com a Rússia, mas sem a presença da Ucrânia ou de qualquer representante europeu.
Foi uma semana reveladora sobre a nova política externa americana. Na terça-feira (11), os Estados Unidos sinalizaram que os tempos em que isolavam a Rússia estavam chegando ao fim. O enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff, apertou a mão do presidente russo, Vladimir Putin, ao negociar a libertação de um americano preso na Rússia em 2021.
O telefonema de Donald Trump na quarta-feira (12) foi a primeira conversa confirmada abertamente entre presidentes dos dois países desde o começo da guerra na Ucrânia. Trump escreveu:
“Nós dois refletimos sobre a grande história das nossas nações e sobre o fato de termos lutado juntos com sucesso na Segunda Guerra Mundial. Cada um de nós falou sobre os pontos fortes das nossas nações e sobre os grandes benefícios que um dia teremos ao trabalharmos juntos”.
A delicadeza de Trump com Putin chamou atenção por ser diferente da forma como o novo governo americano se refere aos aliados.
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No dia seguinte, diante de ministros da defesa da Otan, o recém-empossado secretário da Defesa americano cobrou que os europeus tivessem um papel maior na defesa do continente e afirmou:
“O presidente Trump não permitirá que ninguém transforme o Tio Sam em ‘Tio Otário’”.
Na sexta-feira (14), o vice de Trump, J.D. Vance, criticou partidos europeus que isolam a extrema direita e acusou governos da Europa de censura. Mas não falou nada sobre a perseguição a políticos e à imprensa independente na Rússia de Vladimir Putin, que está há mais de 20 anos no poder e é acusado de mandar assassinar opositores.
Nesta terça-feira (18), em mais uma guinada na relação entre Rússia e Estados Unidos, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, se reúne, na Arábia Saudita, com uma delegação russa, liderada pelo ministro das Relações Exteriores Sergey Lavrov para falar sobre um futuro acordo de paz na Ucrânia. Lavrov disse que não vê lugar na mesa de negociações para os europeus.
EUA e Rússia: saiba o que mudou entre os países após Trump voltar à Casa Branca
Jornal Nacional/ Reprodução
O governo americano declarou que convidou a Ucrânia, mas o presidente Volodymyr Zelensky disse nesta segunda-feira (17) que não vai participar porque não sabia nada sobre as negociações. Também repetiu que não vai reconhecer nenhum diálogo sobre a guerra da Ucrânia do qual não faça parte.
Nesta segunda-feira (17), o enviado especial dos Estados Unidos para a Ucrânia tentou apaziguar. Steve Kellog disse que não vai impor um acordo de paz e que caberá a Zelensky e aos ucranianos tomarem essa decisão.
A cientista política alemã afirma que os sinais trocados fazem parte da nova abordagem dos Estados Unidos:
“Por um lado, se afasta da Europa e diz: ‘A sua segurança é seu problema’. E, ao mesmo tempo, mostra os Estados Unidos como uma potência extremamente importante com sua própria agenda, e quer liderar essas negociações. Estamos vendo uma postura muito fluida vindo de Washington”, explica Daniela Schwarzer.
Segundo os europeus, o objetivo final de Putin ao invadir a Ucrânia quase três anos atrás era dividir aliados e enfraquecer a Otan. A Rússia estava longe de atingir o objetivo até a eleição de Donald Trump. Ao mesmo tempo, acumulava milhares de soldados mortos e uma economia enfraquecida por sanções. Agora, tudo isso pode sair barato se Putin conseguir afastar europeus e americanos.
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