PlatôBR: Entre Tarcísio e Lula, Kassab quer ficar livre para decidir mais adiante

“Uma vela para o santo outra para o diabo”, “um pé em cada canoa” ou, ainda, “deixa estar para ver como é que fica”. Todos esses ditados populares se aplicam ao comportamento do presidente do PSD, Gilberto Kassab (SP), que também é secretário de governo e Relações Institucionais do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo.

Ao mesmo tempo que mantém a perspectiva de ampliar a presença do partido na mudança que o presidente Lula fará na Esplanada dos Ministérios, o político paulista tem encontros com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e se firma como o mais importante articulador de Tarcísio, opção da oposição para a corrida ao Planalto em 2026.

Mas o que Kassab quer? Por enquanto, ele pretende manter suspense sobre o que o PSD fará em 2026. No início do mês, ao avaliar que hoje Lula não venceria a eleição, mandou um recado ao petista: o de que não quer negociar agora os acordos para 2026. Lula tenta usar a reforma ministerial para amarrar a aliança para o ano que vem. No entanto, a queda em sua popularidade prejudica essa estratégia. “A sucessão (de Lula) está em suspenso”, disse, em reservado, um interlocutor bastante próximo de Kassab.

E está suspensa para os dois lados. Enquanto já percebia a queda da aprovação de Lula, Kassab indicou a pessoas próximas o horizonte sombrio da direita com a chegada das denúncias de tentativa de golpe ao STF, o que deve ocorrer nesta semana. Assombram ainda a direita os processos sobre venda de joias e falsificação de cartões de vacinas, além da inelegibilidade imposta pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ao ex-presidente, algo que Kassab considera difícil de driblar.

O PSD tem atualmente três pastas na Esplanada de Lula: Agricultura, com Carlos Fávaro, Minas e Energia, com Alexandre Silveira, e Pesca, com André de Paula. O partido cobra um ministério mais robusto para contemplar sua bancada na Câmara.

Lula tem conseguido se aproximar mais do partido no Senado, ao ponto de já declarar apoio à possível candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente da casa, ao governo de Minas Gerais em 2026. O presidente também admite ter Pacheco em seu governo como ministro.

Para administrar suas múltiplas funções políticas, Kassab tenta compartimentar suas conversas e, assim, procura impedir que os movimentos de Tarcísio influenciem na negociação com o Planalto, função que desempenha como presidente da legenda. Também busca manter proximidade com Bolsonaro, que pode lançar um dos filhos à Presidência e indica não querer Tarcísio na disputa. A dúvida, hoje, é saber até quando o presidente do PSD conseguirá manter as múltiplas faces de seu jogo político.

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