Governadora chama de “barbárie” linchamento de suspeito em Pernambuco

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), classificou como “barbárie” o linchamento seguido de morte do suspeito de violentar e assassinar um menino de dois anos em Tabira, no Sertão do estado. Lyra comentou o caso nesta quarta-feira (19), durante uma solenidade no Palácio do Campo das Princesas, na área central do Recife.

Na última terça-feira (18), Antônio Lopes Severo, de 42 anos, foi retirado de dentro da viatura durante sua transferência para a Delegacia de Polícia de Tabira e agredido por uma multidão que o aguardava no local.

“É lamentável que a gente veja cenas como esta. A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social já instaurou inquérito para poder apurar esse caso e enxergar os erros que aconteceram. A gente não pode revidar com linchamento, o que foi uma barbárie que foi acometida”, afirmou a governadora.

O caso gerou grande repercussão em Pernambuco. Antônio Lopes, conhecido como “Frajola”, foi preso na zona rural de Carnaíba, também no Sertão do estado, junto com sua esposa, Giselda da Silva Andrade, de 30 anos. Segundo a polícia, os dois são suspeitos de violentar e assassinar o menino Arthur Ramos Nascimento, no último domingo (16).

Durante o trajeto para a delegacia, a viatura em que o casal estava foi interceptada por populares. Segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), o homem chegou a ser socorrido e levado para um hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

A mulher suspeita de envolvimento no crime também sofreu ferimentos. Ela foi encaminhada para uma unidade de saúde, onde recebeu atendimento e já recebeu alta. Atualmente, Giselda está à disposição da justiça em um presídio feminino de Pernambuco, que não teve o nome divulgado por questões de segurança.

À imprensa, Raquel Lyra enfatizou que, apesar da comoção popular, o linchamento não pode ser justificado. “É claro que o sentimento de justiça aflora muito, especialmente quando se trata de um crime contra uma criança, mas o Estado precisa fazer o seu papel. Não só na investigação, apuração e penalização em relação ao crime ocorrido contra a criança, mas também na instauração de um processo para apurar a conduta daqueles envolvidos no linchamento”, afirmou a governadora.

Relembre o caso

De acordo com as investigações, Antônio Lopes e Giselda da Silva Andrade eram responsáveis pelo cuidado do menino Arthur Ramos Nascimento.

O crime foi registrado no último domingo (16), em Tabira, no Sertão de Pernambuco, quando Arthur foi levado a um hospital da cidade com várias lesões pelo corpo, com indícios de violência física e sexual, segundo a polícia. A criança não resistiu aos ferimentos e morreu logo após dar entrada na unidade de saúde.

Em nota, a Polícia Civil informou que um inquérito foi instaurado para investigar o crime. A morte de Arthur foi registrada como homicídio, com a classificação de violência doméstica/familiar.

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