Perillo admite que erros do PSDB foram determinantes para a atual situação do partido

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, admitiu que erros do próprio partido e fatores externos foram determinantes para a crise pela qual a legenda passa e negou a perda de identidade dos tucanos. A declaração foi dada em entrevista exclusiva à IstoÉ.

Perillo elencou o abandono do partido na polarização com o PT como um dos principais fatores para a derrocada do tucanato. De 1994 a 2014, a legenda protagonizou todas as disputas presidenciais com a esquerda, mas ficou de fora da disputa em 2018.

“Olha, a resposta mais adequada seria o fato de que nós deixamos de polarizar com o PT. Em 2018, o PSDB saiu da polarização e, depois de 20 anos polarizando com o PT, disputando todas as eleições com o PT, naturalmente recebia votos de centro-esquerda, voto de centro, voto de direita. À medida que o PSDB deixa de polarizar com o PT e, por uma série de razões, o Brasil vivia um momento novo”, declarou Perillo.

Nas eleições de 2018, o partido lançou o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, hoje no PSB e vice-presidente da República, como candidato ao Palácio do Planalto. Com maior tempo de TV e com uma gama de nove partidos na composição da chapa, o tucano não conseguiu conter a ascensão bolsonarista e ficou em apenas 4º lugar na disputa, a pior posição registrada na história do partido.

O ex-governador de Goiás apontou que a derrota se deu por uma interpretação errada passada pelo partido ao eleitor tucano, de que a rivalidade era contra Jair Bolsonaro e não contra o PT. O fato, de acordo com o presidente tucano, foi o início dos problemas.

“Na eleição de 2018, por exemplo, o PSDB quis polarizar com o Bolsonaro. O eleitor do PSDB não compreendeu isso. Quando o PSDB começou a bater no Bolsonaro, o eleitor que era nosso, que era de direita, de centro-direita, imaginou que nós estivéssemos aliados ao PT, e nunca fomos.”

“Foi uma mensagem equivocada para o nosso eleitor. Não pegou isso. Tanto é que nós terminamos com cerca de 5% dos votos na eleição de 2018 e, depois, em 2022, quando o PSDB deveria voltar, o PSDB volta sem candidato a presidente.”

Entre os maiores erros do partido, na visão de Marconi Perillo, está o acordo para que a legenda não lançasse candidato à presidência nas eleições de 2022. Os tucanos chegaram a fazer uma prévia entre Eduardo Leite e João Doria, com o paulista levando a melhor sobre o gaúcho. Mesmo com o resultado, as divisões internas continuaram, levando Doria a desistir da disputa em seguida.

Na época, os tucanos apoiaram Simone Tebet (MDB), em troca do apoio do MDB a Rodrigo Garcia, candidato derrotado nas eleições para o governo de São Paulo. Paralelamente, o avanço de investigações contra a cúpula do partido, como a Lava Jato, atingiu algumas das principais lideranças tucanas.

“Não ter candidato em 2022 foi talvez o maior dos nossos erros. Na minha opinião, esse foi um grande equívoco. Já tínhamos cometido outros equívocos anteriormente, mas esses equívocos foram aqueles que nos levaram a essa situação difícil”, apontou.

“O Brasil passava pela questão do petrolão, passava pela crise da Lava Jato. Vários dos nossos líderes foram, de alguma maneira, afetados por isso e também por alguns equívocos”, completou Perillo.

Confira a entrevista completa

 

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