Moraes X Rumble: entenda a briga que chegou à Justiça dos EUA

O bloqueio da plataforma canadense Rumble no Brasil acentuou a guerra judicial entre a rede social e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que já dura quase dois anos. Na sexta-feira, 21, Moraes determinou o bloqueio da rede no Brasil por tempo indeterminado.

A decisão foi tomada após a empresa não atender às determinações da Suprema Corte, além da recusa em indicar um novo representante no país. Nas últimas semanas, os advogados que representavam a rede social no Brasil deixaram a plataforma.

A Rumble foi criada em 2013, mas ganhou popularidade nos Estados Unidos durante o primeiro governo Trump. Ela virou um reduto de conservadores e tem a política de liberar a publicação de conteúdos de ódio e preconceituosos, sob a premissa da liberdade de expressão.

Essa política foi motivo da primeira disputa entre Moraes e a rede social, ainda em 2023. Na época, o ministro da Suprema Corte determinou o bloqueio da conta e a exclusão de posts feitos pelo influenciador Bruno Monteiro Aiub, o Monark, sob pena de multa de R$ 100 mil. Monark entrou no rol de investigados no inquérito que apura a apologia aos ataques de 8 de janeiro. Após a decisão, a empresa suspendeu suas operações no Brasil, mas retornou meses depois.

Nesta semana, o CEO da Rumble, Chris Pavlovski, retomou os embates contra Moraes e disse que não cumpriria as decisões “ilegais” do ministro brasileiro. Ao mesmo tempo, Pavlovski acionou a Justiça dos Estados Unidos contra Alexandre de Moraes, em um processo movido junto com uma das empresas do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, a Trump Media & Technology Group Corp.

O movimento aconteceu horas após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por participação em um plano golpista. Bolsonaro é apoiador de Trump e, nos bastidores, aliados do ex-presidente brasileiro teriam pedido a ajuda do americano contra Moraes. A Rumble nega que o processo tenha relação com a denúncia.

Novela repetida

O roteiro da disputa entre Moraes e a Rumble segue o mesmo protagonizado pelo ministro do STF e o bilionário Elon Musk, dono da rede social X. Em 2024, Alexandre de Moraes determinou o bloqueio do X após Musk não cumprir decisões dadas por ele.

Investigado no inquérito das milícias digitais, o empresário sul-africano atacou o ministro do STF e também afirmou que não cumpriria suas ordens. Em meados do ano passado, Musk chegou a fechar o escritório da rede social no país e demitiu os advogados que representavam a empresa.

O movimento irritou Moraes, que determinou o pagamento de multas, além da nomeação de um novo representante. Sem resposta, o magistrado derrubou a rede social por cerca de um mês.

Na quarta-feira, 19, Moraes voltou a cobrar multas no valor de R$ 8,1 milhões ao X. As cobranças são referentes aos valores devidos por descumprimento de determinação judicial no ano passado, quando o STF determinou acesso a dados de usuários e bloqueio das contas de investigados por discurso de ódio.

Dois dias depois, a conta de Moraes foi excluída no X. A assessoria do STF informou que a decisão partiu do próprio ministro, que já não atualizava o perfil desde janeiro de 2024.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.