Merz tentará fortalecer laços entre Alemanha e UE, diz professor à CNN

O candidato a chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, do partido conservador CDU, deverá concentrar seus esforços na recuperação econômica do país, caso seja eleito, segundo análise do professor Kai Enno Lehman, especialista em Relações Internacionais da USP, em entrevista ao Agora CNN deste domingo (23).

De acordo com Lehman, embora Merz possa buscar fortalecer o centro da União Europeia, seu foco principal será restaurar a economia alemã, que enfrenta dificuldades significativas pelos padrões do país.

“Eu tenho a sensação de que o foco do próximo chanceler, do Friedrich Merz, vai ser muito mais voltado ao cenário doméstico”, afirmou o professor.

Diferenças na política externa

O especialista destacou uma distinção importante entre Merz e o atual chanceler Olaf Scholz em relação à política externa, especialmente no que diz respeito à guerra na Ucrânia.

“Merz tem sido muito mais pró-ucraniano nas suas falas, pelo menos, do que o Olaf Scholz. E tem sido muito mais enfático na sua afirmação de que a Ucrânia tem que ganhar essa guerra”, explicou Lehman.

Essa postura mais assertiva de Merz em relação ao conflito ucraniano poderia, potencialmente, criar tensões nas relações com Donald Trump, considerando as recentes declarações do ex-presidente americano sobre o assunto.

Desafios econômicos e prioridades

Lehman ressaltou que a situação econômica da Alemanha é considerada precária pelos padrões do país, o que deve influenciar fortemente as prioridades do próximo governo.

“O próximo governo alemão vai tentar, a qualquer custo, reanimar a economia e trazer resultados para os 90% da população que não se importam com a política, que só querem melhorias concretas na vida do dia a dia, principalmente inflação, segurança de trabalho, etc.”, pontuou o professor.

Apesar dos desafios internos, Merz não deve negligenciar completamente as questões europeias. O especialista acredita que o candidato tentará fortalecer o centro da União Europeia, que se encontra mais fragilizado do que em anos anteriores. No entanto, essa atuação internacional provavelmente será secundária em relação às urgências econômicas domésticas.

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