O motivo de William Bonner evitar lugares públicos para não ser hostilizado

Ao participar do programa Altas Horas, da Globo, no último sábado, 22, William Bonner fez uma revelação sobre sua vida pessoal. O âncora do Jornal Nacional disse que evita sair para lugares públicos por conta da polarização política. Na atração, Bonner ainda contou que já foi “xingado das mais variadas formas” em diversas situações nos últimos anos e, por isso, não gosta de sair de casa, temendo ataques de haters.

“Se você só tem contato com quem concorda com você, quando alguém discordar de você, haverá um enorme estranhamento. Até aí está tudo bem. O problema é que estimulou-se todo mundo a transformar o estranhamento em hostilidade”, disse o jornalista.

Segundo William Bonner, ele não deixou de praticar atividades físicas na rua. No entanto, tem evitado eventos e outros compromissos “mais públicos”, como shows e teatros, para não correr o risco de sofrer agressões ou ataques.

“Quem pensa diferente de você passa a ser seu inimigo — essa é a lógica das redes sociais. Se o mundo não acabar, em algum momento a humanidade perceberá que isso está acontecendo. É só examinar o que acontece; as pessoas ficaram muito intolerantes”, ressaltou o editor-chefe do JN.

“Então, prefiro viajar de carro. Eu evito esse tipo de coisa, mas tem muita gente ainda que está com o coração aberto para escutar o outro, aplaudir talentos. Então, enquanto houver isso, haverá esperança, que seja assim”, completou.

Os ataques contra William Bonner

A reportagem de IstoÉ Gente relembra todas as vezes em que William Bonner se tornou alvo de ataques, pagando um alto preço por estar à frente do telejornal de maior audiência da televisão brasileira, especialmente na cobertura de denúncias e questionamentos contra os dois líderes políticos mais populares do país, Lula e Jair Bolsonaro.

Em 2020, extremistas acessaram dados fiscais de William Bonner, de seus filhos e até de seus pais falecidos. Informações confidenciais do filho Vinícius foram usadas em fraudes e estelionatos.

O jornalista também recebeu ameaças de morte pela internet e foi constrangido em público diversas vezes, como em uma padaria no Rio, quando uma mulher começou a gritar insultos após reconhecê-lo.

Em junho de 2020, os âncoras do Jornal Nacional, Renata Vasconcellos e William Bonner, pediram paz na edição do noticiário. Renata, aniversariante do dia, foi alvo de um homem que invadiu a sede da emissora durante a tarde, armado com uma faca, e acabou fazendo a repórter Marina Araújo refém.

Renata e Bonner agradeceram as manifestações de apoio recebidas e exaltaram o fato de que ninguém se feriu durante o episódio.

“Ao longo da tarde, a notícia se espalhou e nós recebemos muitas mensagens de apoio. Agradecemos todas as manifestações de solidariedade de autoridades, colegas e do público. E agradecemos muito. Foi um susto enorme, mas nós recebemos aqui, neste ambiente da redação, as duas colegas sãs e salvas. Por isso, também agradecemos, claro, a ação impecável da Polícia Militar na proteção delas”, disse William Bonner.

Em maio deste ano, Bonner sofreu diversos ataques durante a cobertura da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul. O jornalista foi hostilizado ao vivo enquanto comandava o JN no Estado.

“Cadê a Globo dentro da água? Tem empresário no Brasil trabalhando mais que o próprio presidente. Por que a Globo só veio agora gravar? Por que não teve ninguém dentro da água antes? Por que vocês não estiveram com a gente nesse resgate? Na hora de botar na mídia é fácil, depois que está tudo seco é fácil falar”, disparou uma pessoa para Bonner.

“Pode fazer a proteção que for, irmão. Esse espaço aqui é público”, disse o homem a um segurança que acompanhava Bonner, até então, o único com escolta na região.

‘Eu ainda me assusto’

Em uma entrevista a Pedro Bial, há quatro anos, Bonner fez um desabafo: “Ainda me assusto com o ódio que escorre nas palavras, nas palavras mal escritas, nas palavras cuspidas. É um ódio tão intenso que não sabemos para onde nos levará. E aí vamos para as ruas e assistimos a essa mesma incivilidade.”

“Tem gente hoje me aplaudindo que, há dois ou três anos, me xingava. Pessoas que hoje me xingam, há dois ou três anos, batiam palmas”, completou na ocasião.

 

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