Ao dormir no chão do ônibus, Neymar me fez lembrar de Pelé

Santos vence o Inter de Limeira por 3 a 0. Essa notícia, jogada assim sem contexto, poderia parecer banal. Afinal, uma partida do Campeonato Paulista seria mais um jogo que não mereceria repercussões. Só que esse embate entre os dois escretes pela 12ª partida do Paulistão, realizada no último domingo (23), tem história.

Neymar voltou a jogar no Santos de forma discreta. Perdeu a bola que resultou no gol da vitória do Corinthians e se mostrou lento em alguns jogos. Muitos chegaram a duvidar de que poderia retornar à velha fase de grande jogador, quando defendeu o próprio Santos, o Barcelona e o PSG. 

Dava pinta de quem estava em outra

Muito rico, indo aos treinos de helicóptero, dava pinta de quem estava em outra, menos focado no futebol dentro de campo. Ele mesmo disse que ainda não estava bem e que precisava de pelo menos umas quatro partidas para recuperar a forma e ritmo de jogo. Será que com essa minutagem tão curta voltaria a ter bom desempenho? 

Neymar precisou só de meia dúzia de partidas para mostrar sua genialidade futebolística. No jogo contra o Inter de Limeira, só não fez chover. Além de dar duas assistências, marcou um raríssimo gol olímpico. Um espetáculo de tirar o fôlego. Essa jogada correu o mundo, promovendo ainda mais a imagem do Santos.

Das vaias aos aplausos

Um fato impressionante. Ao se dirigir ao canto do campo para bater o escanteio, a torcida vaiou o craque santista. Irreverente, como sempre foi sua característica, fez movimentos com os braços para que vaiassem ainda mais. E foi atendido.  

Em seguida, depois de marcar o gol olímpico, mais irreverente ainda, sentou-se na placa de publicidade e se posicionou com jeito desafiador. Os torcedores adversários se renderam ao “monstro” e passaram a aplaudi-lo. 

 

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Uma foto surpreendente 

Além de encantar os torcedores com suas jogadas em campo, Neymar também viralizou nas mídias sociais com uma foto sua deitado no piso do ônibus. O comentário que acompanhou as postagens foi: craque e humilde.

Esse fato me fez lembrar de Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos. A exemplo do que fez Neymar, ele também, na maioria das vezes, viajava de ônibus junto com o time. Presenciei o Rei subindo no ônibus em várias oportunidades na saída do vestiário depois dos jogos com a Ferroviária em Araraquara. 

A minha história com Pelé

Em um desses momentos, fui até a janela onde ele provavelmente estava. Chamei várias vezes: Pelé, Pelé, mas ele não apareceu. Garotão ainda, pensei: esse cara está tentando me enganar. Montei uma estratégia de improviso. Fiquei em silêncio, sem ninguém ao meu lado. Talvez ele caísse na armadilha e pusesse a cabeça na janela.

Não deu outra. Devagar, surgiu o seu topete e depois aqueles olhos espertos. Ao me ver, caiu na gargalhada. Entreguei a ele uma caneta e um maço de cigarros Hollywood aberto que encontrara no chão. Ele autografou e disse: valeu, moleque! Nunca mais me esqueci dessa cena.

Fugindo ou descansando?

Neymar deitado no piso do ônibus pode ser um sinal de que estava cansado depois de uma partida tão intensa, mas se Pelé que era o Pelé usou o interior daquele meio de transporte para se livrar de mim, por que o “menino Ney” também não poderia usar do mesmo expediente?

Por um ou outro motivo, independentemente do time de preferência do torcedor, assim como aqueles que vaiaram e depois se renderam após o gol olímpico, quase todos estamos aplaudindo o ressurgimento desse que é um dos melhores jogadores de todos os tempos.

A seleção brasileira está precisando urgentemente de um craque excepcional para voltar a intimidar os adversários como sempre fez. Sabemos que as outras seleções tremiam de medo só de ver a camisa amarela em campo. Nos últimos tempos, perderam o respeito. Esse progresso rápido de Neymar, maior artilheiro do escrete canarinho, pode ser a realização do sonho que tanto acalentamos. Eu estou torcendo muito. Siga pelo Instagram: @polito

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