Nova bancada da AfD reabilita nomes associados ao nazismo

"ComApós serem postos à margem do partido por falas relativizando a ditadura de Adolf Hitler, controversos Maximilian Krah e Matthias Helferich integram novo grupo parlamentar da sigla de ultradireita.O partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) reabilitou em suas fileiras políticos que tinha sido colocados à margem devido a comentários relativizando o nazismo. Eles agora integram a nova bancada parlamentar da sigla que, com 152 membros, dobrou sua presença no Bundestag, onde é o segundo maior grupo.

Entre os mais controversos membros do novo grupo parlamentar estão Maximilian Krah e Matthias Helferich.

Eles foram confirmados nesta terça-feira (26/02) na reunião da nova bancada da sigla no parlamento alemão, na qual os copresidentes partidários Alice Weidel e Tino Chrupalla foram reeleitos para um novo mandato também como líderes da facção parlamentar.

Krah deixou de integrar a bancada da AfD no Parlamento Europeu em 2024 após ter dito ao jornal italiano La Reppublica, pouco antes das últimas eleições europeias, que “nem todos os membros da SS eram criminosos”. A alusão é à Schutzstaffel, o grupo paramilitar nazista responsável pela administração dos campos de concentração e extermínio durante o Holocausto.

Fala fez Le Pen romper com AfD

O escândalo também levou o partido Reunião Nacional (RN), da ultradireitista francesa Marine Le Pen, a romper com a AfD, e provocou a expulsão da sigla do bloco de ultradireita Identidade e Democracia (ID) do Parlamento Europeu, composto, entre outros, pela RN e a italiana Liga. Na época, Krah alegou que sua declaração estava sendo usada de má-fé, “como pretexto para prejudicar o nosso partido”.

Advogado de 48 anos, Krah também chegou às manchetes depois que um de seus assessores foi preso sob suspeita de espionagem para a China e após ele ser forçado a negar alegações de que aceitou dinheiro para divulgar opiniões pró-russas num site de notícias financiado por Moscou.

Apesar disso, ele conseguiu concorrer como candidato da AfD no estado da Saxônia, no leste do país, nas eleições de domingo, e se elegeu com mais de 44% dos votos.

“Face amistosa do nazismo”

Já Matthias Helferich abriu mão de integrar a bancada da AfD no Bundestag em 2021, depois de comentários de cunho nazista, ocupando desde então um assento parlamentar como deputado sem partido. Numa mensagem de chat vazada, ele se referia a si mesmo como “a face amistosa do NS”, ou seja, o nacional-socialismo, ou nazismo.

Considerado um dos membros mais radicais do partido, Helferich é acusado de ameaçar outros membros da AfD e de pedir a deportação de cidadãos alemães de origem estrangeira. Desde junho de 2024, ele é alvo de um processo de expulsão da AfD iniciado pelo diretório partidário no seu estado.

Como membro do comitê parlamentar de cultura, o advogado de 36 anos afirmou que tentará responder à “luta política cultural de esquerda” através de uma “política cultural de direita”.

“Escândalo”

O fato de que Krah e Helferich terem assento no Bundestag foi rotulado como um escândalo pelo Comitê Internacional de Auschwitz. “Isso prejudicará gravemente a imagem da Alemanha”, declarou nesta terça-feira o vice-presidente executivo da entidade, Christoph Heubner, acrescentando: “Esperamos que os muitos eleitores não extremistas da AfD percebam agora em quem votaram e o que lhe deram poder para fazer.”

Outra figura das mais controversas no novo grupo da AfD no Bundestag é Dario Seifert, de 31 anos, que conquistou a vaga uma vez ocupada pela ex-chanceler federal Angela Merkel, pelo estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, no nordeste do país.

Seifert foi membro do grupo neonazista Jovens Nacional-Democratas, ala jovem do Die Heimat (A Pátria) – antigo Partido Nacional-Democrático da Alemanha (NPD). Ele tem sido frequentemente citado expressando opiniões revisionistas sobre o passado nazista da Alemanha.

md/av (AFP, KNA, ots)

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