COP16 redobra esforços para financiar biodiversidade

Os países reunidos em Roma para concluir a grande conferência da ONU sobre biodiversidade tentavam, nesta quinta-feira (27), fechar um acordo de última hora para financiar a preservação da natureza, um teste para a cooperação internacional.

Um compromisso alcançado no fim do dia, fruto de seis horas de negociações entre cerca de 30 países, gerou um sopro de otimismo na sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), onde acontecem os debates. “Estamos bem perto de um acordo sobre esse documento”, disse o negociador-chefe europeu, Hugo-Maria Schally.

Os países ricos e em desenvolvimento concordam com a urgência em deter a destruição da natureza, que ameaça a alimentação, saúde e regulação do clima, e que também ameaça causar a extinção de um milhão de espécies. Mas eles se dividem sobre como mobilizar e distribuir os bilhões de dólares necessários.

– Texto promovido pelo Brasil –

Um novo texto, promovido nesta quinta-feira pelo Brasil em nome do Brics (bloco de economias emergentes), foi a base de uma última declaração. “É o multilateralismo que está em jogo”, disse à AFP um funcionário do alto escalão europeu, citando as limitações econômicas e “o panorama geopolítico fundamentalmente alterado”.

As negociações acontecem em um contexto de tensões aduaneiras, crises orçamentárias de países ricos, peso da dívida dos países pobres e congelamento recente da ajuda ao desenvolvimento dos Estados Unidos assinado pelo presidente Donald Trump.

Os Estados Unidos, que não assinaram a Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD), mas que são um financiador importante, não participam da reunião em Roma.

“Estamos realmente decepcionados”, disse a negociadora-chefe do Brasil, Maria Angelica Ikeda. A criação de um novo fundo “deveria ter sido decidida na COP1, e temos apenas 15 COPs de atraso”, ou 30 anos, lamentou.

Segundo a brasileira, as finanças internacionais já eram uma questão muito antes da tensão internacional recente. “Se não nos unirmos aqui, corremos o risco de perder tudo em casa também”, advertiu.

O compromisso deve permitir financiar a aplicação do acordo de Kunming-Montreal, fechado no fim de 2022. O Conselho estabeleceu 23 metas para 2030, a fim de deter a destruição dos seres vivos. Outro objetivo é aumentar os gastos com a proteção da natureza.

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