Juros futuros sobem sob influência de dados de emprego no Brasil

As taxas dos DIs fecharam a quinta-feira (27) em alta, em especial entre os vencimentos com prazos mais longos, sob influência do avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior e de dados ainda robustos do mercado de trabalho brasileiro.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,8%, ante o ajuste de 14,744% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,78%, ante o ajuste de 14,74%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,83%, ante 14,757% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,81%, ante 14,733%.

Comentários pouco claros do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de tarifas a produtos de alguns países voltou a pressionar os ativos globais na manhã desta quinta-feira, com reflexos no Brasil.

Na véspera, Trump havia aumentado as esperanças de que haveria um adiamento de um mês nas novas tarifas sobre produtos do México e do Canadá, dizendo que elas podem entrar em vigor em 2 de abril. Ele também propôs uma tarifa “recíproca” de 25% sobre carros e outros produtos europeus.

Nesta quinta-feira, no entanto, Trump disse que as tarifas entrarão em vigor em 4 de março. Em uma publicação na sua plataforma Truth Social, Trump também anunciou a cobrança de uma taxa adicional de 10% sobre os produtos da China a partir dessa data.

“Com o anúncio de Trump sobre as tarifas, antes mesmo de saírem os dados econômicos dos EUA hoje a curva norte-americana já estava abrindo”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos.

Quando os números saíram, às 10h30, houve novo impulso para a curva norte-americana. O Departamento do Comércio informou que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA aumentou a uma taxa anualizada de 2,3% no último trimestre, depois de acelerar a um ritmo de 3,1% no trimestre de julho a setembro. Esta foi a segunda estimativa para o quarto trimestre.

Já o índice de preços PCE, excluindo alimentos e energia, aumentou em um ritmo revisado para cima de 2,7%, de 2,5% informados antes. O núcleo do PCE é uma das medidas de inflação monitoradas pelo banco central dos EUA para sua meta de 2%.

O núcleo do PCE ainda forte reforçou apostas em uma inflação mais alta nos EUA, o que deu sustentação à abertura da curva norte-americana.

No Brasil, além da influência externa, as taxas dos DIs encontravam suporte nos dados ainda robustos do mercado de trabalho.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o número de pessoas sem emprego no país aumentou nos três meses até janeiro, com a taxa de desemprego subindo para 6,5%, ante 6,2% no trimestre até outubro.

A leitura de janeiro ficou ligeiramente abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters, de 6,6%, e bem abaixo do número registrado no mesmo período do ano passado, de 7,6%.

Operador de um banco de investimentos ouvido pela Reuters pontuou que o número sugeriu que a atividade econômica pode não estar desacelerando tanto quanto o imaginado, o que é ruim para o esforço do Banco Central de controlar a inflação.

Neste cenário, segundo ele, investidores já começam a alterar algumas apostas mais brandas quanto ao futuro da taxa básica Selic, hoje em 13,25% ao ano. “Mercado está começando sair do ‘100 e para’ e voltar ao ‘100 e 50’”, comentou.

Em outras palavras, investidores estariam reduzindo apostas em um aumento de 100 pontos-base da Selic em março, com parada do ciclo de altas, para em contrapartida elevar apostas em 100 pontos-base de alta em março com mais 50 pontos-base em maio.

De fato, para a decisão de maio do Banco Central o mercado de opções de Copom da B3 precificava na quarta-feira (26) 51,00% de probabilidade de alta de 50 pontos-base (45,00% de chances na véspera), e 10,50% de chances de manutenção da Selic (18,00% na véspera).

No caso de março, nesta quinta-feira perto do fechamento a curva brasileira precificava 87% de probabilidade de alta de 100 pontos-base da Selic em março, como vem indicando o BC, e 13% de chances de elevação de 125 pontos-base. Na véspera os percentuais eram os mesmos.

Com efeitos menores na curva de juros, durante a tarde o Tesouro informou que o governo central registrou superávit primário de R$84,882 bilhões em janeiro, maior valor mensal da série iniciada em 1997.

Em janeiro de 2024, o resultado, que compreende as contas de Tesouro, Banco Central e Previdência Social, havia sido positivo em R$ 79,462 bilhões. Apesar do recorde no mês passado, o resultado primário ainda veio abaixo do esperado pelo mercado, conforme pesquisa da Reuters, que apontava para um superávit de R$88,450 bilhões.

Às 17h08, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 3 pontos-base, a 4,283%.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Juros futuros sobem sob influência de dados de emprego no Brasil no site CNN Brasil.

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