Além de Fernanda Torres, brasileiro também sonha com Oscar

SÃO PAULO, 28 FEV (ANSA) – Por Luciana Ribeiro – Enquanto os brasileiros vivem a expectativa pelo Oscar devido às indicações de “Ainda Estou Aqui” e Fernanda Torres, um italiano nascido no Brasil também sonha em conquistar a estatueta mais cobiçada do cinema mundial, porém na categoria de melhor curta-metragem.   

Andrea Gavazzi é diretor de fotografia de “A Lien”, dos irmãos Sam e David Cutler-Kreutz e que, segundo ele, tem “uma boa chance de ganhar” o prêmio no próximo domingo (2).   

A obra conta a história de um casal que enfrenta problemas com a agência de imigração dos Estados Unidos quando o homem, de origem latina e casado com uma americana, solicita o “Green Card”.   

“A temática do filme é muito atual e tem um impacto emocional forte”, disse o ítalo-brasileiro em entrevista à ANSA, acrescentando que a produção “carrega um significado poderoso, explorando a burocracia e a desumanização do processo de imigração”.   

Com 14 minutos, “A Lien” aborda um assunto em alta nos Estados Unidos após o retorno do republicano Donald Trump à Casa Branca e suas promessas de deportação em massa. “Esse é um tema muito pessoal para mim. Fui imigrante a vida inteira em vários países e conheço bem a sensação de não saber aonde se pertence”, explicou. Com sua fotografia, Gavazzi foi fundamental para comunicar ao espectador, sem explicitar com diálogos, a situação de risco em que se encontram a esposa, o marido e a filha de cinco anos do casal protagonista da obra.   

Segundo o ítalo-brasileiro, o filme “fala sobre a estrutura emaranhada e o labirinto sem fim de papelada, regras e burocracia que definem a experiência de imigração”, além de ser “um apelo à ação para uma reforma abrangente, urgentemente necessária nos Estados Unidos”.   

“A imigração continua sendo uma questão extremamente relevante e atual, especialmente considerando as políticas rigorosas e o impacto que elas têm nas pessoas”, reforçou.   

No seu cerne, “A Lien” é uma história sobre americanos e seu desejo por família, unidade e identidade, mas também sobre o desejo de simplesmente se sentir em casa.   

Com o sonho de trabalhar no cinema, Gavazzi começou sua carreira estudando economia na Itália, mas logo percebeu que precisava seguir sua paixão.   

Nascido em São Paulo, ele atuou em sets no Brasil e depois se mudou para Nova York, onde precisou fazer um pouco de tudo – de eletricista a assistente de produção. A parceria com Sam Cutler-Kreutz, um dos dois diretores, começou quando ele participou de algumas gravações de videoclipes e evoluiu até chegar a “A Lien” e à indicação ao Oscar.   

De acordo com Gavazzi, o filme foi feito de forma totalmente independente, com um orçamento muito baixo e equipamentos emprestados.   

“Receber a indicação ao Oscar é surreal e emocionante, especialmente sabendo que poucos brasileiros tiveram essa oportunidade. Ainda não acredito e vivo todos os dias como uma criança na manhã de Natal”, ressaltou o diretor de fotografia, destacando que disputar o prêmio “é quase um milagre”. (ANSA).   

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