Carne bovina vai subir mais?

Nos últimos três meses, o boi gordo registrou queda de R$35 de acordo com dados do Cepea. Apesar desse recuo, o preço da carne ao consumidor não caiu. A consultoria Agrifatto revela que a partir do segundo semestre vai acontecer mudanças nos preços ao pecuarista e efeitos ao consumidor são esperados. Confira um trecho da conversa que tive com o head de pecuária, Yago Travagini.

Quais os fatores levaram essa queda da arroba nos últimos meses? Isso barateia ou vai baratear o preço da carne ao consumidor brasileiro?

O que a gente está vendo, tá? Acho que respondendo a sua pergunta a priori, não, a gente particularmente não acredita que a carne bovina vai cair nesses próximos meses. Basicamente o que a gente está vendo agora é uma um movimento de mais desvalorização para o boi gordo, mas o consumidor final ainda está pagando a conta para o varejista, o varejista ainda está aumentando o preço da carne bovina para o consumidor final. Ele veio nesse processo nos últimos seis meses e continua para que a sua margem volte à normalidade. Por que? Uma alta de R$ 120 por arroba, que foi o que aconteceu entre agosto e dezembro de 2024 demora um tempo para ser repassado para o consumidor e isso finalmente acontece que agora a gente tem os elos mais equilibrados. A não ser que a arroba continue caindo nesses próximos meses, a gente não deve ver um repasse para o preço da carne bovina para baixo durante esses próximos 30 dias pelo menos é pelo menos.

A arroba vai continuar recuando? Por que recua e vai continuar recuando?

O que a gente vê é um conjunto basicamente de uma oferta maior de fêmeas que está chegando no mercado, tá? A gente tem agora especificamente esse momento do ano é concentrado de maior volume de fêmea sendo abatidas. Porque basicamente o pecuarista que faz a cria, que cria o bezerro, ele define se ele vai abater aquela fêmea que emprenhou ou não. E esse é o momento específico para tomar essa decisão. Então a gente tem visto basicamente um grande volume de fêmeas sendo abatidas.

E obviamente, se a gente tem uma picanha que sai de R$ 70 para R$ 90, mas principalmente um acém que sai de R$ 30 para R$ 37, um contrafilé que se valoriza também,você obviamente tem um consumidor que não consegue acompanhar essa valorização migra o seu consumo. Então há um choque de demanda também esse consumidor indo para outras proteínas animais e por consequência a gente explica aí esse movimento como uma uma balança mais desregulada, uma oferta maior de fêmeas e uma demanda que com preços maiores recuou.

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Na nossa visão falando de médio prazo, tá? O cenário até pelo menos maio ainda é um pouco nebuloso para o pecuarista. Isso já está precificado na bolsa. Então a gente está falando de um boi gordo a R$ 310, R$ 315 nesse momento em São Paulo. Na bolsa se já negocia a R$ 299, R$ 300. Ou seja, pelo menos precificado hoje mais de R$ 10. Esse é um cenário típico de períodos de safra de animais, principalmente porque o pecuarista precisa vender seus animais. Então o contexto atual de médio prazo ainda é de queda, mas lembrando: o ciclo está virando. Então se a gente for falar de segundo semestre de 2025 e 2026, o cenário para o pecuarista é positivo é de aumento de preços.

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