Trump ameaça Gaza: ‘estão mortos’ se não libertarem reféns

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quarta-feira (5) a população de Gaza com a morte se os reféns restantes da guerra entre Israel e Hamas não forem libertados, e alertou os dirigentes do grupo islamista para que deixem o território enquanto podem.

“Para a população de Gaza: um lindo futuro os espera, mas não se retiverem os reféns. Se o fizerem, estão MORTOS! Tomem uma decisão INTELIGENTE. LIBERTEM OS REFÉNS AGORA, OU HAVERÁ UM INFERNO A PAGAR DEPOIS!”, escreveu o republicano em sua rede Truth Social.

Trump exigiu ao Hamas que “devolva imediatamente todos os corpos das pessoas que assassinou” durante o ataque executado contra Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra.

“Este é seu último aviso! Para os dirigentes [do Hamas], agora é a hora de sair de Gaza, enquanto ainda têm oportunidade”, acrescentou. “Estou enviando a Israel tudo o que se necessita para terminar o trabalho, nem um único membro do Hamas estará a salvo.”

O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, afirmou em uma entrevista ao canal Fox News que Trump não estava brincando. “Ele não diz esse tipo de coisa se não está falando sério, como todos podem ver. Se ele diz que vai fazer algo, ele vai fazer”.

“É melhor que levem a sério”, acrescentou, em uma mensagem ao Hamas.

As ameaças do magnata, que se reuniu com familiares dos reféns na quarta, chegam no mesmo dia em que os Estados Unidos e o grupo islamista confirmaram que mantiveram contato direto.

Essa postura rompe com a antiga política de Washington de não manter um diálogo direto com organizações que considera terroristas, como é o caso do Hamas.

– ‘Ainda não foi concluído’ –

Perguntada por essas conversas, reveladas pelo site Axios, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, respondeu que o enviado especial dos Estados Unidos, Adam Boehler, tem “autoridade para falar com qualquer um”.

“Israel foi consultado sobre esse assunto”, acrescentou, sem dar detalhes sobre o conteúdo das reuniões e disse que “há vidas de americanos em jogo”.

“Durante as consultas com os Estados Unidos, Israel expressou sua opinião sobre as conversas diretas com o Hamas”, detalhou o gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

Responsáveis do Hamas também confirmaram esses encontros.

“Houve vários contatos entre o Hamas e vários canais de comunicação americanos, o último com um enviado dos Estados Unidos, e o assunto dos prisioneiros israelenses que têm cidadania americana, tanto os vivos quanto os falecidos, foi discutido”, declarou um responsável do grupo que pediu anonimato.

Segundo o Axios, Boehler se reuniu com autoridades do Hamas nas últimas semanas em Doha para tratar da libertação dos cinco reféns americanos, quatro dos quais estão mortos, segundo um balanço da AFP.

Apesar dos contatos, o chefe do Estado-Maior israelense, Eyal Zamir, afirmou nesta quarta-feira que o objetivo de acabar com o Hamas em Gaza “ainda não foi concluído”, o que coloca em dúvida a trégua no território palestino. Netanyahu, por sua vez, limitou-se a dizer que está “decidido a ganhar”.

Israel lançou sua ofensiva militar na Faixa de Gaza após o ataque de 7 de outubro de 2023 no sul do país perpetrado por membros do Hamas, no qual morreram 1.218 pessoas.

O grupo sequestrou 251 pessoas, que foram levadas a Gaza como reféns. No total, 58 permanecem cativas, das quais 34 estariam mortas, segundo o Exército israelense.

A operação israelense provocou pelo menos 48.440 mortes em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas considerados confiáveis pela ONU.

– Fome, uma arma de guerra –

Em 19 de janeiro entrou em vigor um acordo de trégua alcançado com mediação de Catar, Egito e Estados Unidos.

Esse pacto está na berlinda, já que Israel e Hamas discordam sobre como mantê-lo, uma vez expirada sua primeira fase.

Nessa primeira etapa, o Hamas entregou 33 reféns e Israel libertou cerca de 1.800 palestinos.

Israel quer que a primeira fase se prolongue até meados de abril e exige a “desmilitarização total” do território palestino, a saída do Hamas de Gaza e a entrega de todos os reféns antes de passar para uma nova fase.

O Hamas quer seguir para a segunda etapa, que contempla um cessar-fogo permanente.

Em meio às divergências, Israel anunciou no domingo que suspendeu a entrada de ajuda humanitária na Faixa, um bloqueio denunciado na quarta-feira à noite na ONU pela França e outros quatro países, que fizeram um apelo e pediram permissão para a “entrada incondicional e em larga escala” da assistência.

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