Com chips enfrentando revés, software é a próxima grande aposta em IA

No ano passado as ações de empresas norte-americanas de chips foram as grandes beneficiárias da febre de investimentos em inteligência artificial, mas neste ano elas têm tropeçado, à medida que investidores mudam seu foco para empresas de software em busca da próxima melhor opção no mercado de IA.

A volatilidade provocada por questões tarifárias e uma perspectiva de menor demanda após o surgimento de modelos de IA mais baratos pela chinesa DeepSeek têm desviado a atenção sobre as ações ligadas a empresas de semicondutores.

Vários analistas veem a ascensão do software como uma evolução de longo prazo, conforme os holofotes saem dos componentes para infraestrutura de IA.

Tem sido observada uma rotação bastante clara, em parte devido à DeepSeek, ao desempenho acima da média do segmento de semicondutores no ano passado e às restrições sobre exportações de chips dos Estados Unidos para a China, disse o chefe global de estratégia de mercado da TradeStation, David Russell.

“Os investidores estão procurando pelas histórias para os próximos três a cinco anos… aquelas empresas que vão se beneficiar do que a Nvidia já fez.”

O índice de semicondutores Philadelphia SE Semiconductor caiu 5,6% até agora este ano, enquanto a Nvidia, peso pesado do setor, recuou quase 13%.

Em contrapartida, algumas empresas de software têm se recuperado, com Atlassian, CrowdStrike Holdings, Palantir Technologies e Cognizant subindo entre 7% e 19%.

Fundos negociados em bolsa que acompanham empresas de software também têm registrado entradas.

A mudança é uma progressão natural para o investimento em IA, já que os casos de uso da tecnologia são principalmente sobre software, disse o estrategista-chefe técnico da LPL Financial, Adam Turnquist. A LPL, uma empresa de consultoria de investimentos, prefere software a chips.

O Morgan Stanley também favorece as empresas de software à medida que a adoção da tecnologia de IA aumenta.

“O segundo estágio do ciclo de inovação é quando as pessoas começam a utilizar os produtos e é quando as empresas de software começam a ser pagas… agora estamos começando a ver a ascendência da parte de software da equação”, disse Keith Weiss, analista de ações do Morgan Stanley.

Tendências divergentes

Os analistas que falaram com a Reuters citaram empresas como Palantir, Microsoft, Oracle e Salesforce como as favoritas no segmento de software.

No entanto, o desempenho das ações dessas empresas tem divergido acentuadamente este ano.

A ação da Palantir, que vende software de IA para empresas, tem se recuperado.

Já os papéis de Microsoft e Salesforce caíram 4,9% e 12,6%, respectivamente, afetados por uma liquidação mais ampla de ações norte-americanas e à medida que os retornos de IA ainda não aparecem de forma significativa nos balanços corporativos.

Weiss, do Morgan Stanley, disse que pode ser preciso esperar até 2026 para que esses retornos beneficiem algumas empresas.

Os “valuations” ainda estão caros, com Microsoft e Oracle sendo negociadas, respectivamente, em torno de 27 vezes e 23 vezes seus lucros futuros, ante 24,6 da Nvidia, segundo dados compilados pela LSEG.

Ainda assim, alguns investidores estão dispostos a jogar o jogo a longo prazo.

“Não precisamos de mais chips da Nvidia, precisamos de aplicações”, disse Lisa Shalett, diretora de investimentos do Morgan Stanley Wealth Management.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Com chips enfrentando revés, software é a próxima grande aposta em IA no site CNN Brasil.

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