Secretário de Energia dos EUA promete eliminar políticas climáticas ‘quase religiosas’ de Biden

O secretário de Energia dos Estados Unidos, Chris Wright, prometeu nesta segunda-feira (10), perante líderes da indústria, que o governo de Donald Trump vai restabelecer uma política que favoreça os combustíveis fósseis, em detrimento do legado do ex-presidente Joe Biden.

Na sessão de abertura da conferência de energia CERAWeek, em Houston, Wright afirmou que Trump vai reduzir a burocracia que atrasa os projetos de petróleo e promover as exportações de gás natural liquefeito (GNL).

“O governo Trump vai pôr fim às políticas quase religiosas irracionais do governo Biden sobre mudanças climáticas, que impuseram sacrifícios intermináveis aos nossos cidadãos”, disse Wright a um auditório lotado.

“É uma honra para mim desempenhar um papel na reversão do que considero ter sido uma direção muito deficiente na política energética. A administração anterior focou de maneira míope nas mudanças climáticas e considerou as pessoas simplesmente como danos colaterais”, acrescentou.

Desde que retornou à Casa Branca, há menos de dois meses, Trump sitiou a ordem econômica existente, lançando guerras comerciais contra aliados e neutralizando agências governamentais que não são do seu agrado. O presidente americano fez da energia um tema central da sua agenda com seu decreto do primeiro dia intitulado “Liberando a Energia Americana” e a promessa de “acabar com o Green New Deal” em favor do “ouro líquido”, o petróleo.

– ‘Causa câncer’ –

Ambientalistas criticaram o discurso de Wright, que afirmam estar deixando o mundo mais vulnerável a uma mudança climática catastrófica. Ele “deixou claro que ele e o restante do governo Trump estão prontos para sacrificar nossas comunidades e o clima pelos lucros da indústria de combustíveis fósseis”, disse Allie Rosenbluth, representante da organização Oil Change International.

Dezenas de pessoas se reuniram do lado de fora do hotel onde a reunião acontece para protestar contra a indústria do petróleo e seus danos ao meio ambiente. Alguns manifestantes foram detidos.

“O GNL e a indústria do petróleo causam câncer. Causaram focos de câncer em toda a costa do Golfo. Estamos cansados de ser sacrificados pela indústria dos combustíveis fósseis. Esses acionistas enriquecem e depois ficamos como aterros sanitários”, criticou Bekah Hinojosa, da Rede de Justiça Ambiental do Sul do Texas.

A energia desempenhou um papel fundamental na campanha presidencial de Trump para 2024, na qual ele apontou os preços mais altos da gasolina como uma razão para a necessidade de maior produção, como encapsulado no lema “Drill, baby, drill” (Perfure, bebê, perfure).

A ordem executiva de Trump de 20 de janeiro visou desmantelar os incentivos fiscais adotados para que as empresas avançassem em projetos de transição energética, no valor de bilhões de dólares.

Alguns especialistas acreditam que Trump não tomará medidas para cancelar projetos existentes, nos quais trabalhadores já foram contratados, incluindo muitos em estados republicanos.

– Crescer por crescer –

Wright afirmou que os projetos eólicos offshore são um desperdício de dinheiro e “muito impopulares” entre as comunidades. “Não há forma física de a energia eólica, solar e as baterias substituírem os inúmeros usos do gás natural (…) Fui chamado de negacionista das mudanças climáticas ou cético das mudanças climáticas. É um erro. Sou um realista climático”, argumentou.

Wright promoveu recentemente um anúncio da empresa Venture Global sobre a ampliação de uma instalação de exportação de gás natural liquefeito na Louisiana, por 18 bilhões de dólares (104,3 bilhões de reais).

Trump ridicularizou as preocupações ambientais que foram centrais para as políticas de Biden, defendendo as exportações de GNL como uma maneira de fortalecer os laços dos Estados Unidos com os países importadores de energia e impulsionar a indústria de exploração e produção.

Mas tem havido um ceticismo generalizado sobre a mensagem de Trump que pede que a indústria impulsione a exploração de petróleo e gás, para elevar a produção e reduzir os preços da energia. Os Estados Unidos já registram níveis recordes de produção de petróleo.

“Perseguir o crescimento pelo simples fato de crescer não tem se mostrado especialmente bem-sucedido para a nossa indústria”, explicou nesta segunda-feira o diretor executivo da Chevron, Mike Wirth.

Ele comentou que muitas grandes empresas já cresceram o suficiente e preferem se estabelecer em um platô de produção e gerar fluxo de caixa em vez de “apenas mais barris”.

Para Wirth, a política energética dos Estados Unidos deve ser “consistente e duradoura” e não deve correr o risco “de ser desviada em outra direção por uma futura administração que tenha um ponto de vista diferente”.

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