Oscar Magrini critica ‘politicamente correto’ e pede para voltar a fazer novela

Oscar Magrini, 63 anos, não poupou críticas às emissoras de TV, que apostam na inclusão da diversidade para escalar atores e atrizes para as novelas. O ator afirmou que quer voltar a fazer novela, mas lamentou ter perdido espaço no ramo.

Em entrevista ao quadro “IstoÉ Gente como a Gente” — projeto da IstoÉ que aborda características ainda desconhecidas de personalidades brasileiras, o artista sugeriu que criaram uma data para começar a pandemia, detonou a contratação de influencers na dramaturgia, e citou seu posicionamento político – “a favor do Brasil” – como possível causa da falta de trabalho nas telinhas.

“Eu não sei se misturam política… mas eu sou um ator, eu sou um ótimo ator, tenho 40 novelas no currículo, todo mundo sabe, uma novela atrás da outra, mas eu não sei se é por isso, o que que é. Não levanto bandeira nenhuma, eu sou pelo Brasil, eu quero o Brasil, eu amo o Brasil, eu não tenho um plano B, não vou morar fora, é aqui que eu trabalho, bicho. Eu sinto falta de fazer novela, é legal, é gostoso”, declarou.

Assista a entrevista completa!

IstoÉ Gente: O que a gente pode esperar do filme “Eu Sou a Lei”?

Oscar Magrini: Muito legal. Estou filmando “Eu Sou a Lei”. Eu sou protagonista, junto com a Luísa Tomé, Rafael Cardoso, Júlia Foti. É a história de um pai que está tão feliz trabalhando em uma galeria de arte, que é da Luísa Tomé, e ele está tão feliz, porque ele conseguiu formar a filha, é advogada. Ele é o braço direito da dona da galeria, o faz-tudo.

E faz a filha se formar, tem uma festa bacana, no final dança com ela, uma valsa linda, que ela comprou um celular de um cara lá, esquema. E aí vão embora, deixa eu fechar, eu estou fechando a loja, ouço “pai, pai, pai”, vem dois caras de moto, e para assaltar o celular dela, para roubar, e dão um tiro no peito da minha filha. Aí começa tudo, o mundo dele cai.

E essa coisa de querer roubar um celular para tomar uma cervejinha, qual o problema nem nada, como tem tirado tantas vidas ali, é uma coisa bem atual. Então ele sai correndo, porque ninguém liga, nem a investigação, nem a polícia, se passam três semanas, e nem polícia, nem uma jornalista, nem nada, porque a minha filha é uma pessoa não conhecida, é mais um número, vira estatística. Aí ele vê que vai ter uma festa, numa empresa grande nessa galeria de arte, e um ator famoso que vai estar presente, porque é o representante, o embaixador dessa marca.

Quando tem esse negócio que ele escuta sobre, que é o Rafael Cardoso, que é o garoto propaganda, que é um ator conhecido, e ele resolve pagar para dois traficantes matarem ele. Ele queria fazer justiça.

Nisso, toda hora olhando o relógio, vem os bandidos, tá tudo certo, pra matar ele e fazer um assalto, foi um assalto, eu sou testemunha, eu tava lá, mataram ele. Na hora que os bandidos chegam, chega a polícia. Aí vira um sequestro.

Aí põe eu e ele de dentro, na clareirinha, tem mais duas mulheres lá dentro, estavam no banheiro. Aí começa a porradaria e tal, os caras bem escrotos mesmo, sabe? Pra sair, querem dinheiro e tudo mais e tal, então eu só leio, aguardem.

Você gosta de atuar no gênero de ação?

OM: Tiro, porrada e bomba, ação, gosto muito.

Como é chegar aos 63 anos ainda trabalhando com dramaturgia?

OM: Eu tenho 35 anos de carreira, eu comecei em 90 com o teatro, Uma Ilha para Três, direção de Johnny Rato, e 91 meu primeiro longa-metragem, “Perfume de Gadelha”, de Guilherme de Almeida Prado. Em 1992, minha primeira novela, “Deus Nos Acuda”, na Rede Globo, do Silvio de Abreu. E desde então eu nunca parei.

Nesses 35 anos de carreira, são 40 novelas, 32 na Globo, duas na SBT, duas na Record, duas em Portugal. E 17 peças, essa que eu vou fazer agora, que eu vou começar a ensaiar em março, “Troca-Troca”, e 24 filmes, esse é o meu 24º filme.

Eu digo que chegar assim, entrar na televisão, ter o teu reconhecimento, ter a oportunidade, é difícil? É difícil. Mas permanecer muito tempo é muito mais difícil.

Na sua opinião, o que mudou na dramaturgia brasileira?

OM: A cultura brasileira é televisiva, dita regra, moda, você faz, a gente vê a novela das 21h, vamos dizer assim, na Globo, que sempre imperou, hoje está…

Então você usa um colar, um pingente, o pingente da fulana, sai vendendo milhões, porque a novela das 21h, a heroína, a mulher, ou então o galã usa um anel, alguma coisa, vende para caramba. Aí você vai para o cinema, sobrando dinheiro. Você vai nas salas de cinemas, que tem 500, 600, 700 cópias, dependendo se for um blockbuster, se for uma arrasa quarteirão, uma coisa bacana.

Infelizmente, sobrando tempo, dinheiro e vontade, você vai ao teatro. Porque abrindo uma cortina para as pessoas que estão lá trabalhando, os atores, direto e indiretamente, 10, 12, 15 famílias trabalham ali.

Pior são os teus amigos que falam assim, aí vou te assistir a peça, “po*, que legal, vai sim, me arruma seis convites, me dá seis convites”. Deixa eu ver se eu entendi, eu vou te dar convite para você me assistir, eu vou pagar para você me assistir.

Não, o amigo fala assim “você veio, você não falou nada, não, eu quis fazer uma surpresa”. Então é isso, tá caro, R$ 100 o ingresso, R$ 50, porque a gente põe R$ 100, põe R$ 120, para pagar R$ 50, R$ 70, porque tem a terceira idade, tem os professores, tem aposentado, tem menor de idade. Então, isso é uma loucura, o teatro.

Então, hoje em dia, muita gente vai no teatro, quando teve essa Covid, o mais prejudicado foi o teatro, porque você andou um do lado do outro pra assistir uma peça, e tem que ter máscara, tirava febre, tirava aquela m* toda lá que aconteceu, foi o mais prejudicado, como o cinema e o teatro, que a gente está aglomerado, está tudo junto, né? Então o que acontece hoje na TV? Nem isso está dando certo, não tem histórias mais, porque no Brasil a gente vê seriados, séries, streams, aí você fala, car*, é legal, é demais, é, mas quem fez isso? Os roteiristas.

Como é que os caras pensam em detalhe o filme de perseguição de juiz, de espionagem? Os detalhes técnicos que tem, a história que te prende, não é? Fala, isso é os roteiristas. Aqui faltam, existem autores? Existem autores. Tem escritores? Tem escritores.

Mas hoje em dia, você pode ver as novelas como estão, tá dando me ibope nenhum, esse politicamente correto, essa inclusão, essas coisas que estão colocando aí, sei lá, mas a velha guarda tá saindo tudo, eles colocam influência. Influência, eu tenho 5, 6, 10 milhões de seguidores, não necessariamente eu tenho 5, 6, 10 milhões de seguidores, eu tenho talento, e esses 5, 10 milhões que seguem você não vão assistir a novela que você tá fazendo, tira o trabalho, o lugar, diz, quem já tá batalhando faz tempo, trabalha, tem escola de teatro, fez cinema, fez dança, fez canta, fez música, fez interpretação, a pessoa estuda para ser um ator, mas o influência, ele tem 5, 6 milhões de seguidores e acha as televisões, as emissoras que contratam influência pra entrar no lugar de ator, vai acontecer, não vai, tá aí, mas tá vendo que a gente vê nas televisões, os ibopes de TV, então a novela não tem mais, como era as novelas antigas, todo mundo é que saudava das novelas.

E as reprises? Você esteve em duas recentemente, “O Rei do Gado” e “Cabocla”…

OM: Eu fiz agora, ano passado, com o Ralph, o “Rei do Gado”, do Benedito, pela terceira vez ou quarta, foi a única novela que repetiu tantas vezes, aí depois veio Mulheres de Areia em 93, no começo do ano, e agora acabou, claro, na sequência, que foi em 2004, 20 anos, um remake, dava mais sucesso que a novela das 9, que a novela das 7, nova, tu tá entendendo? Uma novela de 20 anos, por quê? Pelo elenco.

A gente vê que uma novela do “Vale a Pena Ver de Novo”, dava sucesso com a novela atual, pô, o que que acontece? Alguma coisa aliado.

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