Brasil não planeja represálias contra tarifas de Trump sobre o aço

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou nesta quarta-feira (12) que o governo não planeja represálias contra as tarifas impostas por Donald Trump que afetam as exportações brasileiras de aço para os Estados Unidos.

“Não vamos proceder assim por orientação do presidente da República”, disse Haddad aos repórteres, acrescentando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ordenou “muita calma nessa hora” de tensões comerciais com Washington.

O governo Trump implementou tarifas de 25% sobre aço, alumínio e outras importações de vários países nesta quarta-feira. O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço para os Estados Unidos.

“Nós já negociamos outras vezes em condições mais desfavoráveis que essa”, destacou Haddad após um encontro em Brasília com representantes do setor siderúrgico, que lhe apresentaram propostas para proteger a indústria brasileira.

Segundo o ministro, na reunião foram apresentados argumentos muito consistentes de que os Estados Unidos só têm a perder com as tarifas que afetam o Brasil, porque o comércio entre os dois países é “muito equilibrado”.

Os ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) comunicaram, em nota conjunta, que o governo “avaliará todas as possibilidades de ação no campo do comércio exterior, com vistas a contrarrestar os efeitos nocivos das medidas norte-americanas, bem como defender os legítimos interesses nacionais, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio”. As pastas indicaram que há reuniões “previstas para as próximas semanas” com representantes dos Estados Unidos.

Os governos Lula e Trump iniciaram um diálogo na semana passada sobre as novas medidas tarifárias, de acordo com o governo brasileiro.

Em conversa telefônica em 7 de março, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o novo representante do Comércio dos EUA, Jamieson Greer, concordaram em criar “um grupo de trabalho (…) para discutir tarifas comerciais”, publicou o Itamaraty na rede X.

O Instituto Aço Brasil, que reúne empresas do setor, informou que se mantém na expectativa de que essa aproximação reviva o sistema de importação construído no primeiro governo Trump, e ressaltou que o não restabelecimento do acordo resultará em perdas para a indústria do aço dos dois países.

Em 2018, o presidente americano impôs tarifas semelhantes ao aço brasileiro, mas, depois, autorizou a compra de até 4,1 milhões de toneladas anuais sem sobretaxas.

A balança comercial bilateral chega a aproximadamente US$ 80 bilhões (R$ 466 bilhões), com um superávit de US$ 200 milhões (R$ 1,16 bilhão) favorável aos Estados Unidos.

Depois que Trump anunciou as novas tarifas ao assumir o cargo, Lula alertou que o Brasil responderia com “reciprocidade” se tais medidas fossem implementadas.

“Se taxar o aço brasileiro, vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar na OMC [Organização Mundial do Comércio] ou vamos taxar os produtos que a gente importa dele”, disse Lula em entrevista à Rádio Clube do Pará.

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