Tony Bellotto: psicólogo fala sobre o impacto emocional do diagnóstico de câncer

Nesta semana, Tony Bellotto, de 64 anos, guitarrista da banda Titãs, se manifestou em agradecimento pelas mensagens de apoio que tem recebido durante o tratamento contra o câncer no pâncreas e ressaltou o companheirismo de sua esposa, a atriz Malu Mader, de 58 anos.

Em seu perfil no Instagram, Bellotto compartilhou uma foto beijando a esposa e agradeceu todo o apoio recebido. “Agradeço a todos que estão me enviando palavras de conforto, sabedoria e incentivo: amigos, família, fãs, simpatizantes. Isso me faz mais feliz e positivo”, disse.

O guitarrista afirmou sentir orgulho dos Titãs “por não deixar a peteca cair” e por prosseguir com a agenda de shows, mas agradeceu, principalmente, à esposa. “Malu, minha amada, que está sempre ao meu lado, com um sorriso no rosto”, completou.

 

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Descoberta do câncer

No dia 3 de março, terça-feira de Carnaval, Tony Bellotto, por meio das redes sociais, revelou que está com câncer no pâncreas e que passará por uma cirurgia. Segundo ele, o diagnóstico foi feito após um exame de rotina.

Devido ao tratamento, o artista fará uma pausa temporária dos palcos, e os Titãs seguirão cumprindo sua agenda de shows acompanhados pelo músico Alexandre de Orio.

Segundo uma nota divulgada pelos Titãs, após a recuperação, o músico deverá retomar suas atividades profissionais.

“Estou tranquilo e confiante, enfrentando tudo com coragem e dignidade. Inspirado pelo nosso querido Branco Mello, que passou por tratamentos difíceis e agora está aí, tocando, cantando e se divertindo nos shows. Nos vemos em breve”, disse ele.

Fora dos palcos, Bellotto recebeu uma homenagem dos Titãs durante show no camarote Folia Tropical, na Sapucaí, durante o Carnaval. Durante o tratamento, ele tem recebido o apoio de sua esposa, Malu Mader. Os dois são casados desde 1990 e são pais de João Mader Bellotto, 29, e Antônio Mader Bellotto, 27.

Tumor no pâncreas

Nem todos os tumores no pâncreas são cânceres. Alguns são benignos — ou seja, não se espalham e não oferecem grandes riscos —, enquanto outros podem ser malignos, com o potencial de se espalhar para outros órgãos, configurando o câncer.

O câncer de pâncreas é uma doença silenciosa e agressiva. Seus sintomas são frequentemente confundidos com os de outras condições e, por isso, o diagnóstico costuma ser tardio, permitindo que o quadro evolua para estágios mais graves antes de qualquer intervenção, o que eleva a taxa de mortalidade.

Para entender mais sobre o câncer que acometeu Tony Bellotto, a reportagem da IstoÉ Gente procurou o médico oncologista Dr. Wesley Pereira Andrade, que explicou tudo sobre a doença. (Clique aqui e leia a matéria na íntegra).

Impacto emocional ao ser diagnosticado com câncer

Receber o diagnóstico de câncer, com toda a certeza, é um momento delicado e desafiador que afeta profundamente a saúde mental do paciente. Pensando nisso, a IstoÉ Gente conversou com o psicólogo Alexander Bez, que explica e analisa como lidar com a notícia.

“Esse tipo de problema é muito sério, não apenas do ponto de vista fisiológico, mas também psicológico. É essencial entender que, quando há uma lesão—seja física, como uma fratura, ou fisiológica, relacionada a um órgão interno—o impacto psicológico pode ser significativo”, diz o profissional.

“Quando ocorrem lesões, tanto externas quanto internas, a psicologia perde parte de sua função protetora. Esse é um princípio amplamente reconhecido na área, mencionado por grandes psiquiatras do passado, como Freud e outros estudiosos de diferentes correntes psicológicas. Existe uma máxima na psicologia que diz: quando há uma lesão física, a intervenção psicológica tem seus limites.”

“Por isso, em alguns casos, como em transtornos de ansiedade, pode ser necessário recorrer à medicação para equilibrar a mente e reduzir os efeitos do estresse. Isso demonstra como o funcionamento da mente humana está diretamente ligado à saúde do corpo”, explica Alexander Bez.

O impacto emocional do diagnóstico

No caso específico desse paciente, o foco deve estar no fortalecimento emocional, para que suas defesas mentais e orgânicas estejam mais preparadas. O que ocorre é que, além do impacto interno da condição, ele também será afetado pelo diagnóstico e pelo processo cirúrgico que enfrentará.

Procedimentos cirúrgicos são altamente estressantes, e o organismo responde a esse estresse de maneira intensa. O desafio aqui é aprender a lidar com essa carga emocional para evitar que ela agrave a condição física.

A etiologia da doença pode ter diferentes origens—pode ser genética, hereditária ou mesmo desencadeada por fatores como estresse crônico. Cada pessoa tem órgãos mais suscetíveis a sofrer impactos em momentos de alta tensão. Por isso, o cuidado preventivo com a saúde mental antes do surgimento de uma doença é fundamental.

Diferentes abordagens psicológicas

Na psicologia, há teorias divergentes sobre como lidar com problemas emocionais e situações de estresse. Algumas correntes defendem que a melhor estratégia é evitar focar no problema para não amplificá-lo. Outras sugerem que o ideal é encarar a questão de frente, refletindo sobre ela como parte do processo de enfrentamento. Ambas as abordagens têm fundamentos válidos e podem ser aplicadas de acordo com o perfil de cada indivíduo.

O que é inegável é que um diagnóstico grave pode afetar tanto o corpo quanto a mente, enfraquecendo as defesas psicológicas e imunológicas. Por isso, a forma como a pessoa encara o desafio faz toda a diferença.

Para ajudar nesse processo, seguem algumas recomendações importantes:

  • Expressar os sentimentos.
    O primeiro passo é permitir-se sentir e verbalizar as emoções. Isso pode ser feito consigo mesmo, com um parceiro(a), com o médico ou com amigos próximos. Expressar os sentimentos ajuda a aliviar o estresse e a reduzir a tensão emocional.

  • Estabelecer uma rede de apoio.
    O suporte emocional é essencial. Ter ao lado familiares, amigos e profissionais de saúde proporciona mais segurança e equilíbrio nesse momento. A rede de apoio deve ser tanto psicológica quanto fisiológica, garantindo que a pessoa esteja assistida em todas as frentes.

  • Reduzir o estresse pré-operatório.
    Antes da cirurgia, é fundamental manter a calma. Isso inclui seguir todas as orientações médicas, evitar sobrecarga emocional e adotar práticas que promovam bem-estar, como meditação ou atividades leves recomendadas pelo médico.

  • Priorizar o sono e o descanso.
    O sono desempenha um papel essencial na recuperação e no equilíbrio do organismo. Ele contribui para a homeostase, ou seja, para a manutenção do equilíbrio físico e mental. Dormir bem ajuda a fortalecer as defesas do corpo e a reduzir os efeitos do estresse cirúrgico.

  • Encarar a realidade com maturidade.
    Reconhecer a gravidade da situação sem negar os desafios é crucial. Fugir da realidade pode gerar mais ansiedade. Assim, encontrar um meio-termo entre aceitar o problema e agir para resolvê-lo pode ser uma abordagem mais saudável.

  • Manter a concentração e a motivação.
    Focar na recuperação e no que precisa ser feito é uma estratégia poderosa. Manter-se motivado contribui para fortalecer a mente e, consequentemente, o corpo, tornando o processo menos desgastante.

  • Seguir com a vida e os compromissos.
    Dentro do possível, é importante continuar com atividades pessoais, profissionais e afetivas. Isso mantém a pessoa conectada à sua rotina e evita que a doença se torne o único foco.

  • Buscar momentos de distração.
    Se for possível, realizar uma pequena viagem ou se engajar em atividades prazerosas antes da cirurgia pode ajudar a reduzir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Isso contribui para que o corpo enfrente o procedimento com mais energia e resiliência.

Cada pessoa lida com desafios à sua maneira, e não há uma única abordagem correta. O mais importante é encontrar um equilíbrio que permita passar por essa fase com o máximo de força mental e física possível. O apoio de familiares, amigos e profissionais faz toda a diferença para manter a perspectiva e enfrentar o processo com mais segurança.

Quando se enfrenta uma patologia severa como essa, entrar em um quadro depressivo pode ser fatal. Infelizmente, o desespero pode agravar ainda mais a situação.

Por isso, é fundamental manter a esperança. Independentemente de qualquer diagnóstico ou resultado clínico, a esperança é o que mantém a pessoa lutando. Quando se perde a esperança, a depressão pode se instalar, comprometendo ainda mais a saúde.

Além disso, manter-se positivo contribui para que o corpo libere mais energia, fortalecendo a capacidade de enfrentamento contra a doença. A força de vontade é essencial nesse processo, mas, para quem já está em um estado depressivo, encontrar esse ímpeto pode ser extremamente difícil.

Por isso, além de todas as estratégias que mencionei anteriormente, é crucial cultivar essa força interior. Sem isso, o risco de entrar em um quadro depressivo se torna ainda maior, e sair dele pode ser muito difícil.

A depressão enfraquece ainda mais as defesas do organismo, o que é um problema grave, já que doenças como essa minam a resistência física. O câncer, por exemplo, afeta as células, fazendo com que uma vá comprometendo a outra.

De forma geral, para manter uma boa resistência celular e orgânica, é essencial estar psicologicamente equilibrado. E o primeiro passo para isso é evitar qualquer fator que possa desencadear a depressão. A esperança é um dos principais aliados nesse processo, ajudando a manter uma perspectiva positiva e um estado mental mais estável.

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