Comprimido cura macacos infectados com ebola, diz estudo

Macacos infectados com ebola podem ser curados com um comprimido, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira (14), que pode abrir caminho para novos tratamentos em humanos.

Identificado em 1976, o ebola é uma doença viral mortal que se espalha por contato direto com fluidos corporais, causando hemorragias severas e falência de órgãos.

Como os surtos afetam principalmente a África Subsaariana, as empresas farmacêuticas carecem de incentivos financeiros para desenvolver tratamentos.

Além disso, como os surtos são esporádicos, é difícil realizar ensaios clínicos.

Desde 2019, há uma vacina disponível, e dois tratamentos intravenosos com anticorpos melhoram os resultados, mas são caros e difíceis de administrar em algumas das regiões mais pobres do mundo.

“Estamos tentando encontrar algo que seja mais prático, mais fácil de usar, que possa ajudar a prevenir, controlar e conter os surtos”, explicou à AFP Thomas Geisbert, virologista da Universidade do Texas Medical Branch, em Galveston, que liderou o novo estudo publicado na Science Advances.

Para o experimento, Geisbert e seus colegas testaram o antiviral obeldesivir, a forma oral do remdesivir intravenoso, originalmente desenvolvido para a covid-19.

A equipe infectou macacos rhesus e cinomolgos com uma alta dose da variante Makona do vírus ebola.

Um dia após a exposição, dez macacos receberam um comprimido de obeldesivir diariamente por dez dias, enquanto três macacos não receberam tratamento e morreram.

O obeldesivir protegeu 80% dos macacos cinomolgos e 100% dos macacos rhesus, que são biologicamente mais próximos dos humanos.

O medicamento não apenas eliminou o vírus do sangue dos macacos tratados, mas também desencadeou uma resposta imunológica, ajudando-os a desenvolver anticorpos.

Geisbert explicou que, embora o número de macacos no estudo fosse relativamente pequeno, os resultados foram estatisticamente significativos, pois os animais foram expostos a uma dose extremamente alta do vírus – cerca de 30 mil vezes a letal para humanos.

Isso reduziu a necessidade de mais macacos de controle, limitando mortes desnecessárias de animais.

O pesquisador, que trabalha com o ebola desde a década de 1980, afirma que o obeldesivir oferece uma proteção de “amplo espectro”, em comparação com os tratamentos com anticorpos aprovados, que funcionam apenas contra a espécie Zaire do ebola.

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