Empresas de home care são investigadas por forjar documentos e desviar milhões

Um esquema de fraude na concessão de serviços de home care no Rio Grande do Sul foi revelado por uma investigação mostrada no programa Fantástico, da TV Globo, deste domingo, dia 23. As empresas falsificam documentos para garantir contratos pagos pelo poder público, gerando um aumento significativo nos gastos do estado.

O programa também fez um flagrante que comprova a manipulação do sistema. Parentes de pacientes estão entre os beneficiados.

O estado e os municípios são obrigados a financiar tratamentos de home care por meio de decisões judiciais. De acordo com a Procuradoria-Geral do Estado, nos últimos anos, o valor destinado a esses atendimentos cresceu de R$ 19 milhões em 2023 para R$ 39 milhões em 2024 no Rio Grande do Sul.

Uma ex-funcionária da empresa Home Care Support Sul disse que era forçada a preencher prontuários falsos para justificar atendimentos que nunca aconteceram. “Cheguei a carimbar e assinar também”, afirmou ao programa.

De acordo com a defesa da Suport Sul, a empresa desconhece as acusações e não tem como prestar qualquer esclarecimento neste momento.

Outra profissional teve sua assinatura usada em laudos de atendimento sem seu conhecimento. “Nunca nem fui a Guaíba”, afirmou a técnica de enfermagem Thainá Schuller, referindo-se à cidade onde supostamente teria atendido uma paciente.

O esquema acontecia com a simulação de concorrências para ter a garantia que uma empresa específica fosse contratada. Em Santo Ângelo, por exemplo, a empresa Renovar venceu ao menos 16 disputas judiciais.

A dona da empresa, Cláudia Fonseca, foi flagrada pelo Fantástico entregando três orçamentos, sendo o mais baixo da sua própria empresa. Quando foi perguntada se as outras empresas confirmariam os valores em caso de consulta judicial, Cláudia respondeu “com certeza”.

A investigação também mostrou que uma única advogada atuou em 50% das liminares de Santo Ângelo e que dois médicos assinaram quase 60% dos laudos que embasaram os pedidos judiciais. Existe também a suspeita que o esquema envolvia pagamento a familiares de pacientes para garantir a escolha de determinadas empresas.

Uma das companhias investigadas é Medical Life, com quem o programa não conseguiu contato. Em Passo Fundo, a mãe de uma paciente de 11 anos foi gravada afirmando que usava o dinheiro para o tratamento da filha para reformar sua casa e comprar um carro. No entanto, ao ser confrontada, ela negou as irregularidades.

O Ministério Público está investigando os envolvidos por organização criminosa, fraude em licitações e desvio de recursos públicos. A Procuradoria-Geral do Estado garantiu que o atendimento aos pacientes será mantido.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.