À CNN, Fávaro diz que Japão avançará em abertura para carne brasileira

A comitiva do governo federal está no Japão para se encontrar com autoridades e discutir temas como defesa, agricultura e energia.

Com objetivo de fortalecer as relações comerciais e expandir o mercado de carne bovina, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou em entrevista à CNN que o Brasil quer abrir o mercado de bovinos, visando principalmente o mercado japonês.

O ministro também comentou sobre o protocolo em casos de gripe aviária e reforçou o interesse no mercado do Vietnã.

Veja a entrevista na íntegra:

Ministro, essa viagem é muito importante para o setor da agricultura e da pecuária. Já faz anos que o Brasil quer entrar com mais vigor aqui, especialmente com a questão da carne bovina. Provavelmente teremos boas notícias na viagem aqui?

É uma viagem, mais uma vez, histórica. Depois da pandemia, a primeira comitiva presidencial que vem ao Japão, o presidente Lula, que vem reestabelecendo as boas relações diplomáticas brasileiras e vem fazendo isso com muita dedicação. E os resultados e os frutos a gente colhe com muita transparência, com muita veracidade.

Veja que nesses dois anos e pouco de governo, Américo, já são 344 novos mercados abertos para os produtos da agropecuária brasileira. Isso fez um portfólio de produtos que não eram relativamente bem explorados na relação comercial brasileira virem para a pauta.

Veja que o ano passado, por exemplo, apesar da queda da safra brasileira, preços da soja, que é o principal produto de exportação brasileira, terem cedido um pouco, ainda assim nós tivemos uma balança comercial estável e, depois dos 10 produtos mais comercializados, novos produtos entraram e tivemos um crescimento na ordem de 8% desse produto.

Fruto, então, deste portfólio ampliado de oportunidades. E é isso que estamos fazendo aqui também nessa visita com o presidente Lula na busca de ampliar os negócios brasileiros.

E o Brasil já exporta muito frango e agora quer abrir especificamente o mercado dos bovinos. Nós vamos ter algum avanço na viagem?

Eu acho que é um tema que a gente persegue há muitos anos. Nós temos já um avanço previsto a partir dessa viagem onde eles devem anunciar a visita de pessoas experientes que possam visitar o Brasil, conhecer o arranjo produtivo brasileiro, as plantas frigoríficas, aliados ao que nós estamos na iminência de receber pela Organização Mundial de Saúde Animal, que é o certificado do país todo, livre de febre aftosa, sem vacinação, que é uma das exigências impostas pelo Japão. Isso deve acontecer agora, no próximo mês de maio.

Além da visita desses especialistas japoneses, nós vamos dar o passo principal para que o Brasil possa abrir o mercado japonês para a carne bovina.

Nós também estamos falando e a expectativa é muito grande de a gente assinar o acordo da regionalização para caso eventual de gripe aviária para frangos. Esse é um assunto muito importante que interessa aos dois lados.

O Brasil, que é um dos pouquíssimos países do mundo que não tem gripe aviária nos seus plantéis comerciais, tem uma segurança fora do comum, espetacular no seu arranjo produtivo, mas não está livre em algum momento disso acontecer. E por que é importante para os dois lados? Já que o Brasil é o grande fornecedor de matéria-prima de frango para o mundo, em especial aqui para o Japão.

Caso venha acontecer em algum momento da história um caso de gripe aviária, regionalizando não fecha o Brasil todo. Então, garante a gente continuar trabalhando, fornecendo e eles aqui tendo a segurança de fornecimento também para os brasileiros.

Então, essa medida, só para deixar claro, significa que o Brasil teria um certificado e que se tivesse algum caso de gripe aviária, seria apenas aquela localidade que estaria impedida de exportar. O resto do Brasil continuaria exportando. É isso?

Exatamente. É um protocolo. Vamos revisar o protocolo, porque o protocolo atual, caso ocorra um caso de gripe aviária, fecha o país todo.

Um caso só fecha o Brasil inteiro?

Um caso só fecha o Brasil todo. O Brasil é muito seguro, como disse, o Brasil tem um arranjo produtivo muito bem estruturado, com produtores, com integradores, também o sistema sanitário dos estados aliados ao federal, garante ao Brasil um dos pouquíssimos países do mundo que essa doença não conseguiu entrar nos fronteiros comerciais.

Mas é do nosso interesse e também do Japão que esse protocolo seja reformado para que a gente garanta. Caso aconteça, não fecha o Brasil todo, fecha só a região onde tiver o caso de gripe aviária.

Nós temos três boas notícias aqui. A primeira é essa questão de ser uma coisa regionalizada na questão do frango, da gripe aviária. O outro é a possibilidade do Japão se comprometer a mandar uma delegação para o Brasil para verificar a possibilidade de abertura do mercado para carne bovina. E o terceiro é esse certificado da Organização Mundial da Saúde Veterinária Animal.

Que vai ser em Paris no mês de maio. Mas é uma condicionante para o Japão abrir o mercado de carne bovina.

E por que isso é tão importante, essa última medida?

É um dos requisitos exigidos pelo protocolo japonês. E o Brasil buscava isso há 50 anos. Graças a um trabalho, um esforço que desprendemos no ano passado, conseguimos que todos os estados brasileiros cumprissem as regras impostas pela Organização Mundial de Saúde Animal.

Conseguimos cumprir todo esse protocolo e hoje o Brasil está apto a receber esse certificado. Vai abrir uma oportunidade de mercados exigentes como o Japão, mas também outros mercados mundiais se abrem para o Brasil. Um sonho de há mais de 50 anos.

E isso vai refletir em um aumento das exportações e um aumento para o mercado brasileiro?

Certamente vai refletir em grandes oportunidades. Os mercados mais exigentes passam a ser mercados acessíveis para a proteína bovina brasileira.

E o Vietnã? Lá esperamos notícias bem concretas também. O que pode nos falar sobre especialmente o mercado de carne bovina?

A expectativa é que a gente consiga finalizar o protocolo sanitário com o Vietnã e o anúncio então da abertura deste mercado para carnes bovinas.

Acho que somos bastante avançados e acredito que essa será uma boa notícia para os pecuaristas, para os frigoríficos brasileiros.

Então existe uma expectativa de termos de anúncio de abertura do mercado do Vietnã?

Bastante positivo. Acho que é importante dizer aqui também, no Japão, a oportunidade que temos para os biocombustíveis. É um assunto correlacionado ao ministro Alexandre Silveira, mas que tem origem total na agropecuária brasileira.

O Brasil já está se consolidando como um grande player mundial na produção de biocombustíveis. E a assinatura de protocolos aqui que serão feitos no Japão nesse tema é muito relevante também para a agropecuária brasileira.

Qual é o tamanho do mercado, por exemplo, de importação de bovinos, de carne bovina, do Vietnã?

Além do tamanho, a quantidade comprada, é um mercado específico que garante a formação de preços importantes para o Brasil. Por exemplo, é um mercado que compra muito dianteiro, que compra miúdos, língua, a preços bastante remuneradores.

Com isso, as plantas frigoríficas brasileiras terão a oportunidade de vender quantidades desses produtos, formando um preço melhor, inclusive no combate inflacionário das carnes do Brasil, porque ela vende com valor agregado, miúdo, como disse, dianteiro, língua.

Isso, então, melhora a condição de fazer um preço menor, mais atrativo para a população brasileira e completando, então, o combo da formação de preços das carnes no Brasil.

Eu acho que é mais uma missão importante. Como disse, o presidente Lula vem demonstrando o interesse em ampliar as relações comerciais brasileiras.

Veja aqui uma grande delegação, os assuntos que serão convocados não só por obra da agropecuária, mas que mostra que o Brasil voltou a boa diplomacia e grandes oportunidades. Nós estamos sabendo aproveitar na íntegra essas oportunidades.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em À CNN, Fávaro diz que Japão avançará em abertura para carne brasileira no site CNN Brasil.

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