Depardieu nega abuso em set: ‘Não sou apalpador de metrô’

PARIS, 25 MAR (ANSA) – O ator francês Gérard Depardieu, acusado por duas mulheres de estupro e agressões sexuais durante as gravações de um filme em 2021, negou ter cometido os crimes e enfatizou que não é “apalpador de metrô”.   

“Não vejo por que eu gostaria de apalpar uma mulher, suas nádegas, seus seios, eu não sou um apalpador de metrô”, declarou o artista nesta terça-feira (25), no segundo dia de seu julgamento em um tribunal de Paris.   

Ao falar na audiência, Depardieu garantiu que nada aconteceu “como” descrito nas acusações.   

Os fatos em julgamento ocorreram durante as filmagens de “Les Volets Verts”, do diretor Jean Becker. Uma cenógrafa de 54 anos e uma assistente de direção de 34 anos o acusam de agressão, assédio e insultos sexistas.   

De acordo com a denúncia feita em fevereiro de 2024, a figurinista Amélie de 54 anos teria sido violentada durante as gravações, e Depardieu teria tocado em partes de seu corpo, como abdômen, seios e nádegas, antes de falar “palavras indecentes”.   

Ela citou aos investigadores que quando se aproximava dele sentia como se fosse uma “armadilha para lobos”.   

Já a assistente de direção do filme também denunciou a lenda do cinema francês por tocar duas vezes em seus “seios e nádegas” em agosto de 2021, disse ela ao Mediapart.   

“Eu não ando por aí me divertindo aos 76 anos e pesando 150 quilos… Eu não gosto de mim o suficiente para colocar a mão na bunda de alguém. O que é isso? O que é isso? Eu não sou Emile Louis – um conhecido estuprador em série do final dos anos 1990 -“, continuou Depardieu, com a voz alterada.   

Já ao comentar sobre um dos casos, o da mulher chamada Amélie, cenógrafa do filme, ele afirmou ter conversado com ela uma vez para falar que uma obra de arte era “muito bonita”. Ela contestou e os dois sempre tiveram pequenas intrigas sobre arte.   

De acordo com o ator, durante uma conversa com ela no set, ele chegou a fazer gestos com a mão para chamá-la para falar sobre um assunto. No entanto, ficou “irritado” com o fato dela não responder e teria agarrado no quadril de Amélie “para não escorregar”.   

O ator francês destacou ainda que queria “dar uma bronca” em Amélie porque o quarto planejado para a próxima cena ainda não estava pronto. E ele teria agarrado ela para sacudi-la.   

Além disso, Depardieu contestou a afirmação de que ele teria colocado entre suas coxas: “Além disso, podemos tentar se você quiser, com a barriga que eu tenho, não consigo colocar nada entre as coxas”.   

“Eu diria que cruzei um pouco a linha em termos de civilização.   

Mas se eu soubesse que ela iria explodir em lágrimas, ficaria atordoada. Não era isso que eu queria. Posso ter dito algo com raiva, mas não queria magoar, chocar essa mulher, brutalmente, com palavras sobre sua profissão”, acrescentou ele.   

Segundo testemunhas, porém, o ator “gritou” com a vítima, chamando-a de “pé no saco” e “cadela”.   

Logo depois, Amélie prestou depoimento e enfatizou que a declaração de Depardieu é “completamente falsa”.   

Ontem, no final do primeiro dia de julgamento, marcado por interrupções e discussões acaloradas entre acusação e defesa, o advogado de Depardieu, Jérémie Assous, denunciou “uma investigação conduzida de forma muito aproximativa” pelo promotor, a quem também acusou de “métodos stalinistas”.   

Em seguida, criticou as partes civis que acusam Depardieu, que, segundo ele, “têm medo da verdade” e “recusam” seus pedidos de novas investigações.   

Com uma carreira consolidada, Depardieu é um dos atores franceses mais famosos do mundo e já estrelou grandes produções, incluindo “Asterix e Obélix” e “As Férias da Minha Vida”. No entanto, ele tem sido alvo de diversas acusações de assédio contra mulheres nos últimos anos, principalmente depois que o movimento #MeToo ganhou força na indústria cinematográfica.   

(ANSA).   

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