Defesa de Braga Netto chama Cid de ‘mentiroso’ e fala em narrativa da PF

A defesa do ex-vice na chapa de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, Walter Braga Netto, criticou a investigação da Polícia Federal e apontou uma “narrativa” no inquérito dos investigadores. Ele ainda poupou críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e chamou o delator do caso, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, de “mentiroso”.

As falas foram dadas durante os 15 minutos de sustentação oral no julgamento que pode tornar ele, Bolsonaro e mais seis réus no inquérito da trama golpista. A sessão ocorre nesta terça-feira, 25, no plenário da Primeira Turma do STF.

Durante sua fala, o advogado José Luis Mendes de Oliveira Lima disse que Cid mentiu em sua delação e tentou colocar Braga Netto nas ações golpistas com provas refutáveis. Ele ainda disse que o próprio Ministério Público não apontou provas da participação do militar no tento.

“O colaborador Cid, que mente, e mente muito, apresenta um vídeo naquela oportunidade para linkar do general Braga Netto com os manifestantes dos quartéis. Esse vídeo era de outra coisa. Esse vídeo era de um encontro no Palácio do Alvorada e não tinha nenhuma relação com as manifestações nos quartéis”, declarou.

Lima ainda fez críticas sobre a atuação da Polícia Federal no decorrer das investigações. Ele acusou uma suposta narrativa dos investigadores ao não ouvir Braga Netto e disse que as informações foram “despejadas” no relatório de indiciamento.

“A Polícia Federal não quis ouvir o general Braga Netto. O Ministério Público não quis ouvir o general Braga Netto. Não me parece razoável. Parece que a polícia já tinha uma narrativa e pronto. Para quê ouvir a defesa, para quê ouvir o general Braga Netto”, disse.

“Isso foi feito de forma organizada. Evidentemente que não. Ela foi despejada de uma forma que a defesa não teve a menor condição de analisar o que foi produzido”.

O advogado de Braga Netto repetiu a fala da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e disse que a defesa foi “cerceada” na entrega de provas. Ele se referia às mensagens que colocavam o militar no centro da tentativa de golpe.

Ao fazer as críticas, Lima poupou o ministro Alexandre de Moraes nas críticas e se concentrou em invalidar a investigação da PF. O advogado ainda disse que os “melhores momentos” do processo ficaram com a PF.

“A defesa não está na mesma situação que a acusação. A defesa está com os olhos cobertos. A defesa está com sua atuação cerceada. E esse cerceamento não foi praticado pelo eminente relator. A forma pulverizada como a Polícia Federal comandou as investigações, ela despejou neste processo mais de 115 mil páginas”, acusou.

“Esse caso tem os melhores momentos separados pela polícia. Com a anuência do Ministério Público. Mas não foi dado o acesso à defesa para que ela fizesse seus melhores momentos”, completou o advogado.

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