Vítimas de artefatos explosivos na Colômbia aumentaram em 89%, diz CICV

As vítimas de artefatos explosivos no conflito armado colombiano aumentaram em 89% em 2024 em comparação ao ano anterior, afirmou nesta quinta-feira (27) o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em seu relatório anual.

A violência interna de seis décadas na Colômbia se intensifica em meio aos embates guerrilheiros e de grupos narcotraficantes, com oito conflitos armados ativos pelo país, segundo a organização.

A “deterioração” do conflito “alcançou seu ponto mais crítico nos últimos oito anos”, alertou o relatório. Em 2024, o CICV registrou 382 violações ao direito internacional humanitário.

Das 791 vítimas de artefatos explosivos, 67% estavam desarmadas, o que representa “um impacto desproporcional sobre a população civil”, disse em uma coletiva de imprensa Patrick Hamilton, chefe da delegação do CICV na Colômbia

Os departamentos com mais ataques desse tipo são Valle del Cauca, Cauca e Nariño (sudoeste). Ali operam principalmente estruturas dissidentes da extinta guerrilha das Farc, que renunciou às armas após um histórico acordo de paz com o governo em 2016.

Em alguns dos territórios mais violentos da Colômbia, a organização detectou um “evidente aumento” no recrutamento de menores por parte de grupos armados ilegais, disse o informe.

A utilização de crianças e adolescentes “os expõe a graves riscos como violência sexual, ferimentos ou morte em combate”, disse Hamilton.

“O confinamento de comunidades também se agravou de maneira significativa”, segundo o relatório. As proibições à mobilidade da população civil aumentaram em 89% em áreas remotas da Colômbia frente a 2023. Segundo dados da estatal Unidade de Vítimas citados pelo Comitê, 88.000 pessoas foram obrigadas a se confinar no ano passado.

Recentemente, o CICV detectou por parte dos grupos guerrilheiros “uma tendência a exercer um maior controle sobre a população e sobre o território”, disse José Delgado, chefe de operações da entidade.

Mais de 117.000 pessoas foram vítimas de deslocamento individual e cerca de 41.000 tiveram que fugir de suas casas em deslocamentos maciços.

O relatório também revela um aumento nos ataques violentos ao pessoal da saúde que intervêm em zonas de conflito. Em 2024, cinco trabalhadores que prestavam atenção médica foram assassinados.

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