Conhecido por bunker com montanha de dinheiro, Geddel volta às mãos de Moraes

O ex-ministro e ex-deputado Geddel Vieira Lima, aquele do apartamento com R$ 51 milhões em dinheiro vivo encontrado pela Polícia Federal, em 2017, voltará à alçada de Alexandre de Moraes no STF. Os dois chegaram a ser colegas de ministério no governo Michel Temer — Moraes na Justiça e Geddel na Secretaria de Governo.

Em mais uma decisão baseada no novo entendimento do Supremo sobre o foro privilegiado, Moraes mandou a 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal devolver ao STF dois inquéritos que investigavam Geddel, o irmão dele, ex-deputado Lúcio Vieira Lima, e familiares.

Um dos casos trata de suposta rachadinha no gabinete de Lúcio na Câmara, com devolução de salários por servidores, e uso de supostos funcionários fantasmas. Os irmãos Vieira Lima foram denunciados pela PGR nessa investigação, que acabou sendo enviada à primeira instância da Justiça Federal em outubro de 2019, depois de Lúcio não se reeleger em 2018 e perder foro privilegiado.

O outro inquérito mira suposta lavagem de dinheiro de Geddel e Lúcio por meio de vendas fictícias de gado e simulação de contratos de aluguel de maquinário agrícola. Também em razão da perda do foro de Lúcio Vieira Lima, Moraes mandou o caso para a 10ª Vara Federal de Brasília em abril de 2019.

A ordem de Moraes para que a Justiça Federal remeta as ações de volta ao STF tem como base a nova interpretação do Supremo sobre o foro privilegiado. A prerrogativa agora segue valendo mesmo após autoridades deixarem o cargo ou o mandato, em casos que envolvam crimes cometidos durante o exercício da função e em razão dela.

Como mostrou a coluna, o ministro já mandou que retornem ao STF ações envolvendo o deputado federal Ricardo Salles, do PL de São Paulo, e o ex-deputado Deltan Dallagnol. Uma investigação contra Gilberto Kassab também voltará ao Supremo pelo mesmo motivo.

Bunker com R$ 51 milhões

Homem de confiança de Michel Temer em seu governo, Geddel Vieira Lima protagonizou um dos lances mais emblemáticos dos tempos de Lava Jato, em setembro de 2017: o apartamento em Salvador no qual a PF encontrou malas e caixas com um total de R$ 51 milhões em dinheiro vivo (veja abaixo). O imóvel era alugado por Geddel.

Conhecido por bunker com montanha de dinheiro, Geddel volta às mãos de Moraes

Pela montanha de dinheiro, Geddel Vieira Lima foi condenado pelo STF a 13 anos e quatro meses de prisão por lavagem de lavagem de dinheiro. Lúcio Vieira Lima foi sentenciado a nove anos.

Geddel ficou preso entre setembro de 2017 e julho de 2020, quando passou a cumprir prisão domiciliar. O ex-ministro passou ao regime semiaberto em setembro de 2021 e obteve liberdade condicional em fevereiro de 2022. Desde então, tem recuperado influência nos bastidores da política baiana.

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