Colômbia, Líbano e EUA: as influências que deram origem ao Edifício Chams, dono da primeira escada rolante de Uberlândia


Inicialmente projetado para abrigar um apartamento de luxo por andar, baixa procura fez projeto ser alterado para abrigar 180 salas comerciais em 15 andares. Com nome inspirado no sol, edifício faz parte da memória afetiva dos moradores de Uberlândia há mais de 40 anos. Vista do Edifício Chams desde a Praça Tubal Vilela.
Eloisa Oliveira/g1
Localizado na Praça Tubal Viela, no coração de Uberlândia, o histórico Edifício Chams, inaugurado em 1981, chama a atenção por sua arquitetura espelhada e arredondada, o primeiro deste estilo no Triângulo Mineiro. No fim da década de 1970, o prédio também trouxe um grande acontecimento para a época, a primeira escada rolante da cidade.
O responsável pelo projeto do edifício foi o arquiteto colombiano César Barney, que também participou da construção de Brasília anos antes. A encomenda foi de sócios libaneses, daí a origem do nome do prédio na palavra شمس (shams), que em árabe significa sol. Coincidência ou de forma proposital, nos momentos de maior incidência solar em Uberlândia, o prédio reflete a luz para a cidade.
Se ainda hoje, mais de 40 anos após a construção, o edifício ainda atrai os olhares de turistas e moradores, na época, a inovação do projeto chamou a atenção principalmente por ter o fechamento em vidro e uma estrutura espelhada. Veja galeria de foto mais abaixo.
“Isso trouxe mais vida para o Centro da cidade. Ele veio para trazer esse prédio comercial imponente, que traz vida para o comércio”, disse o arquiteto Igor Galeno de Oliveira Andrade.
VEJA GALERIA DE FOTOS DO EDIFÍCIO CHAMS
Por dentro do Edifício Chams
Quem passa pela Praça Tubal Vilela, já deve ter notado o mirante de Uberlândia, como o Edifício Chams é popularmente conhecido. O que a maioria não sabe, é que o projeto foi um empreendimento de dois sócios libaneses, Amin Russen Abou Said e Nauf Mouhamed El Shariti, em parceria com as Lojas Americanas.
As obras começaram em 1977 e, inicialmente, daria origem a um edifício residencial com apartamentos de luxo, um imóvel por andar. O arquiteto Igor Andrade, proprietário de uma sala no local, conta que a ideia era muito interessante porque os moradores teriam uma vista de 360º da cidade.
No ano seguinte, com dificuldades em comercializar os imóveis o projeto foi alterado para um prédio comercial. Atualmente, o edifício conta com 12 salas por andar, sendo 15 andares de escritórios e uma cobertura que abriga uma rádio.
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“Você encontra diversas pessoas no elevador. Então, você consegue fazer uma rede de negócios aqui dentro. Isso é muito positivo economicamente”, disse o arquiteto, ressaltando como a economia gira dentro do próprio prédio.
O arquiteto Igor no terraço do Edifício Chams
Eloisa Oliveira/g1
Segundo a arquiteta e professora de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Maria Eliza Alves Guerra, de 67 anos, a estrutura em concreto com o fechamento em aço e revestido de vidro é uma influência da arquitetura norte-americana. “O edifício representa simbolicamente modernidade e progresso para Uberlândia”
O Chams foi destaque na época por ser o único com esse tipo de revestimento na região.
“Se você olhar pelo lado poético, a gente vai entender muito bem como é que ele vai refletir esse lindo céu de Uberlândia. É um reflexo de luz para a cidade”, afirma Maria Eliza.
A arquiteta, que é carioca, veio para Uberlândia nos anos 1980 ainda no início de sua carreira. Ela teve escritório no Edifício Chams por cerca de 11 anos, ao lado do companheiro.
“A gente teve nosso primeiro escritório lá. Nós éramos jovens arquitetos. Meu prazer era chegar e abrir as janelas. Eu acompanhei o crescimento da cidade através da janela”, contou a arquiteta.
Arquiteta Maria Eliza Alves Guerra em sua sala no Edifício Chams, em 1989
Arquivo Pessoal
Datas do Edifício Chams
Lançamento: 1977
Aprovação do projeto na Prefeitura: 25 de março de 1978
Aprovação do projeto de lojas: 11 de agosto de 1978
Alteração do projeto para prédio comercial e Habite-se das Lojas Americanas: 28 de dezembro de 1978
Habite-se do edifício: 11 de fevereiro de 1981
Fonte: Arquiteta e professora Maria Eliza Alves Guerra.
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