Bioeconomia na Amazônia: Conheça o cacau que preserva a floresta

Uma fábrica de chocolate artesanal que fica no coração da Amazônia vem transformando a realidade de comunidades ribeirinhas da Ilha do Combu, sem desmatar um só pé de árvore, no Pará, distante cerca de 15 minutos de Belém.

O trabalho é um exemplo de como a bioeconomia pode transformar realidades e vem sendo desenvolvido por Dona Nena, uma agricultora ribeirinha e empresária, que transforma o cacau cultivado na floresta em fonte de renda e sustentabilidade.

A iniciativa “Filha do Combu” começou no quintal da paraense. Hoje, já ganhou grandes proporções, impulsionando o turismo na região, conquistando o mundo através dos chocolates orgânicos.

“Quando eu comecei com esse trabalho, queria gerar renda e melhorar a qualidade de vida da minha comunidade, porque era muito difícil. Na época em que não tínhamos frutas, precisávamos sair da ilha para trabalhar na cidade. Hoje, conseguimos mudar isso”, contou Dona Nena.

O modelo de cultivo praticado por ela respeita a biodiversidade amazônica. O cacau cresce junto a outras árvores frutíferas, como açaí, cupuaçu e banana, sem a necessidade de desmatamento.

“Aqui vocês não vão encontrar uma fazenda de cacau convencional. Nosso cacau está inserido na floresta, ele se nutre dela”, explicou.

O impacto do projeto vai além da produção do chocolate. Atualmente, mais de 60 restaurantes na ilha se beneficiam do turismo que cresceu com a valorização da região. Além disso, duas cooperativas de barqueiros foram criadas para atender a demanda crescente de visitantes.

A relevância da iniciativa chamou a atenção do mundo. Em 2024, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente da França, Emmanuel Macron, visitaram a propriedade de Dona Nena para conhecer de perto essa riqueza amazônica.

“Foi um dos maiores reconhecimentos do meu trabalho. Macron veio ao Brasil pela primeira vez, e o primeiro lugar que ele visitou foi a minha propriedade. Isso me enche de orgulho”, celebrou a paraense.

O Pará é o maior produtor de cacau do Brasil, colhe anualmente cerca de 150 mil toneladas de amêndoas. Atualmente, 95% da produção é exportada, mas o Estado busca se consolidar também como um polo produtor de chocolate de alta qualidade.

A história de Dona Nena e sua contribuição para a bioeconomia amazônica ganham ainda mais relevância com a aproximação da COP30, que será realizada em Belém.

A conferência global sobre mudanças climáticas trará para o centro do debate iniciativas como a dela, que aliam preservação ambiental e desenvolvimento econômico.

“No começo, eu não sabia o que era bioeconomia, mas eu já fazia. Hoje, sei que o nosso trabalho pode ser um modelo para o mundo inteiro”, destacou.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Bioeconomia na Amazônia: Conheça o cacau que preserva a floresta no site CNN Brasil.

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