PL traça estratégias para projeto de anistia e mantém ameaças de obstrução

Nos grupos de WhatsApp e nos corredores da Câmara dos Deputados não se fala em outra coisa: o PL da Anistia tomou conta dos debates. Para tentar emplacar a urgência do projeto, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, já tem traçado estratégias para forçar o andamento da proposta.

Deputados do PL querem forçar a urgência do projeto nesta semana e votar o mérito do texto na semana que vem. Eles cobram a fatura pela eleição do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que teria se comprometido com o projeto.

Nesta terça-feira, 1º, Motta deve se reunir com o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). O parlamentar pretende pressionar para votar e usar os líderes para convencer Motta a aderir.

Em conversa com a IstoÉ, Sóstenes manteve o otimismo e disse ter os votos necessários para aprovar a urgência e o mérito. “Temos cerca de 310 votos”, disse à reportagem.

Desses votos, parte deve vir do Centrão, outra tecla que deve ser batida na reunião. Até o momento, três partidos assinaram o requerimento de urgência, além do PL. São eles: o Novo, Progressistas e PSD.

O último é o que assinou com maior fatia de resistência. A bancada seguiu uma sinalização dada pelo presidente da legenda, Gilberto Kassab, que prometeu a Bolsonaro o apoio à anistia. O líder do partido, deputado Antônio Brito (PSD-BA), não quis se comprometer com o governo e nomeou o vice-líder, Reinhold Stephanes Júnior (PSD-PR), que faz parte da ala bolsonarista, para assinar o pedido de urgência.

Mesmo com a pressão sobre Motta, aliados do presidente da Câmara dos Deputados acreditam que a chance de emplacar a urgência é nula. O próprio paraibano se comprometeu a não votar urgências e dar mais protagonismo às comissões da Casa.

Uma das alternativas debatidas é instalar uma comissão especial para analisar o texto. O colegiado chegou a ser anunciado pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (Progressistas-AL), mas nunca foi levado adiante.

Essa hipótese da comissão não agrada ao PL. Caso a urgência não seja votada, os deputados prometem manter a obstrução durante as sessões plenárias e nas comissões. Na semana passada, os parlamentares da legenda ficaram de fora da votação e travaram a pauta.

PT e aliados tentam reverter cenário

Deputados do PT tentam convencer o Centrão a segurar o pedido de urgência para engavetar o PL da Anistia. Os cálculos da base vão de encontro com a dos bolsonaristas e prevê a aprovação da urgência.

O fio de esperança que resta está em Hugo Motta. Além da promessa de não pautar urgência, os petistas acreditam que o comprometimento de Motta com a anistia pode prejudicar a relação da Câmara com o Palácio do Planalto e, principalmente, com o STF.

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