Dólar recua e fecha a R$ 5,68 com dados fracos nos EUA; Ibovespa fecha em alta na véspera do ‘Dia da Libertação’

Após uma alta moderada nas primeiras horas de negócios, o dólar passou a cair no fim da manhã desta terça-feira, 1º de abril, no mercado local em sintonia com o ambiente externo. Dados do mercado de trabalho e da indústria norte-americana aquém das expectativas reforçaram os sinais arrefecimento da economia dos Estados Unidos, na véspera do anúncio das tarifas recíprocas prometidas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Com máxima a R$ 5,7323 e mínima a R$ 5,6734, o dólar à vista encerrou o pregão desta terça-feira em queda de 0,40%, a R$ 5,6824 – abaixo do nível de R$ 5,70 no fechamento pela primeira vez desde 20 de março. No ano, a moeda agora acumula perdas de 8,05%. Depois de exibir na segunda-feira o melhor desempenho entre as principais divisas globais (à exceção do rublo), o real apresentou nesta terça ganhos inferiores a de seus pares latino-americanos, como os pesos mexicano e chileno. Termômetro do comportamento do dólar em relação a seis divisas fortes, o índice DXY ficou praticamente no zero a zero.

A leitura entre analistas é a de que o esfriamento da economia dos EUA, desde que não deságue em recessão, tira a atratividade do dólar e favorece divisas emergentes – sobretudo se o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) entregar dois cortes de juros neste ano, conforme sinalizado na reunião de política monetária de março.

Entre os indicadores do dia, o índice de atividade industrial (PMI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos elaborado pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) caiu de 50 em fevereiro para 49 em março, enquanto analistas previam 49,5. Leituras inferiores a 50 indicam retração da atividade.

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Relatório Jolts, publicado pelo Departamento do Trabalho, mostrou que a abertura de postos nos EUA caiu para 7,568 milhões em fevereiro. A previsão era de 7,65 milhões. Esses números esquentam a expectativa pela divulgação na sexta-feira (4), do relatório oficial de emprego de março (payroll).

Dirigentes do Fed reforçaram nos últimos dias que a política monetária norte-americana está bem posicionada neste momento para lidar com o alto grau de incerteza provocado pelo vaivém das tarifas de Trump. A presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, disse nesta terça que o ambiente de incerteza “não está causando paralisia” da economia dos EUA. Já o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, pontuou que o mercado de títulos está “cada vez mais sinalizando riscos de recessão”. No caso do Brasil, o real está de certa forma menos vulnerável pela perspectiva de mais aperto monetário, com a Selic provavelmente atingindo 15%.

Índice da B3

Na véspera do Dia da Libertação – como a quarta-feira, 2 de abril, está sendo tratada, nos Estados Unidos, pelo governo Donald Trump -, o Ibovespa encontrou nesta terça-feira pernas próprias para se descolar da cautela externa, em alta de 0,68%, aos 131.147,29 pontos. Da mínima à máxima da sessão, foi dos 130 080,54 aos 131.982,29 pontos, saindo de abertura aos 130.266,57. O giro financeiro subiu a R$ 24,7 bilhões nesta terça-feira que antecede o anúncio de tarifas recíprocas nos EUA, que prometem abalar o alicerce das trocas internacionais no momento em que os agentes de mercado seguem atentos a sinais de desaceleração da atividade global.

A cautela maior com a economia norte-americana tem resultado, nas últimas semanas, em rotação de ativos do principal mercado, Nova York, para outras praças financeiras, beneficiando inclusive o Brasil. Em Nova York, o dia foi de variação contida para os principais índices de ações, entre -0,03% (Dow Jones) e +0,87% (Nasdaq) no fechamento da sessão. Por aqui, o dólar à vista cedeu 0,40%, a R$ 5,6824, e a curva de juros doméstica também teve ajuste de baixa nesta terça-feira.

Na B3, o dia foi de alinhamento positivo para a maioria das blue chips, apesar de alguma perda de dinamismo nesses papéis ao longo da tarde. Assim, Petrobras ON, que chegou a subir mais de 3% no melhor momento, fechou ainda em alta de 0,51%, enquanto a PN avançou 0,38%.

Vale ON, por sua vez, teve alta de 0,86% e, entre os grandes bancos, as variações ficaram entre -0,16% (Bradesco PN) e +0,54% (Bradesco ON). Na ponta ganhadora, Assai (+5,57%), Telefônica Brasil (+4,96%) e Localiza (+4,50%). No lado oposto, Natura (-7,91%), Braskem (-3,45%) e Azul (-2,74%). Na semana, o Ibovespa ainda cede 0,57% e, no ano, avança 9,03%.

Destaque da agenda externa pela manhã, em fevereiro o número de vagas de emprego que permaneciam em aberto nos EUA, conforme o relatório Jolts – uma das métricas sobre o trabalho acompanhadas de perto pelo Federal Reserve -, registrou leve queda, com cerca de 7,6 milhões de oportunidades, um pouco abaixo do número de janeiro. A redução foi puxada, principalmente, pelos setores de varejo, serviços financeiros, hospitalidade e restaurantes, áreas tradicionalmente dinâmicas.

*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Carolina Ferreira

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