Um casal formado por um policial, chamado João Pedro, e uma juíza, chamada Tula Mello, foi vítima de um assalto a caminho de casa, no Rio de Janeiro, no último domingo. Ele foi morto, mas ela conseguiu escapar sem se ferir. Neste domingo, dia 6, o programa Fantástico, da TV Globo, falou com a vítima.
Tudo aconteceu quando os dois voltavam para casa depois de passar a tarde com a mãe de João Pedro. Cada um deles estava dirigindo um de seus carros, pois o policial tinha ido buscar um dos carros que estava em manutenção. O carro dele seguia na frente do da juíza.
No caminho, ela percebeu o carro do marido diminuir a velocidade, viu homens armados em frente a um outro veículo atravessado na pista e conseguiu dar marcha ré. Foi quando os criminosos começaram a atirar contra o carro dela, que, embora fosse blindado, não resistiria por muito tempo aos tiros de fuzil.
Enquanto os tiros ocorriam, João saiu do seu carro. O policial levou cinco tiros e morreu no local. “É uma sensação de impotência. Eu posso afirmar que, se não fosse a ação do João, saindo do carro para desviar o foco dos criminosos, eles conseguiriam fazer com que os disparos de fuzil ultrapassassem a blindagem do meu carro. Ele não reagiu, ele agiu para me salvar, ele deu a vida para me salvar”, disse.
Ela conta que o treinamento de defesa que recebeu do Tribunal de Justiça e as dicas de direção defensiva do marido a ajudaram a fugir e sobreviver. “Ele me treinou para que eu pudesse usar na prática estes mecanismos de defesa”, afirmou.
Cinco disparos atingiram o carro dela, com um deles acertando o vidro bem em frente a ela. A polícia já sabe que os criminosos são do Comando Vermelho. Eles tinham acabado de atacar uma comunidade controlada pela milícia, em Campo Grande, também na zona oeste do Rio.
Segundo a investigação, eles queriam roubar outro carro para substituir o que estavam usando, cravejado de balas, por causa do tiroteio anterior. Até agora, ninguém foi preso.
“Gente não é possível. Será que as pessoas não estão vendo o que tá acontecendo? Ninguém tá vendo que a violência está banalizada e nada tá sendo feito? Eu não sei como chegamos nesse ponto, eu sei que estamos num ponto que se tem algo pior do que isso eu nunca vi”, afirmou.
“Eu não vou sentar como vítima. Eu vou agir, eu vou fazer o que for necessário para que seja dada punição e para que a gente consiga de fato uma cidade onde nós possamos circular livremente como mulheres, homens, crianças e famílias”, disse.