Jornalista colocado em grupo do governo dos EUA diz que pensou ser vítima de trote

Jeffrey Goldberg, editor-chefe da revista The Atlantic, foi colocado em um grupo de mensagens do alto escalão do governo dos EUA por engano. A situação nunca tinha acontecido antes na História do país. Planos secretos e detalhados de ataques foram discutidos com a presença do jornalista no grupo.

O canal de mensagens Signal não é autorizado pelo governo para o compartilhamento de informações sigilosas, mas autoridades discutiam ali as estratégias da ofensiva militar americana contra os rebeldes houthis, no Iêmen, em 15 de março.

O programa Fantástico, da TV Globo, falou com o jornalista sobre o ocorrido. “Eu estava na Áustria, estranhamente falando sobre o papel dos Estados Unidos no mundo quando eu recebi uma solicitação do assessor de segurança nacional Mike Waltz pra conversar no Signal… Olha, a Casa Branca quer se comunicar comigo”, disse.

Dois dias depois, Goldberg foi incluído na conversa mais surreal que já teve. “Pensei: isso parece uma coisa falsa, como algum tipo de programa de trote, de operação de desinformação. Seria estúpido demais para ser real”, afirmou.

Ele só acreditou no grupo quando o ataque realmente aconteceu dois dias depois. “Assim que obtive a confirmação de que era real, disse: ‘vamos publicar’”.

O governo criticou Goldberg pela reportagem e negou que as informações compartilhadas fossem sigilosas. Até então, a revista The Atlantic não tinha publicado detalhes da ofensiva contra os houthis para não colocar em risco militares americanos.

“Fui até eles no dia seguinte, a CIA, ao Pentágono e assim por diante, e eu disse: olha, vou publicar essas informações, porque vocês continuam dizendo que não há nada aqui. E eu acho que os cidadãos americanos precisam ver. Deixe-os decidir por si mesmos como fazemos em uma democracia”, disse.

A revista, então, mostrou os prints com detalhes dos planos de ataque. As mensagens continham passos da missão, incluindo horários e armas que seriam usadas. “Eu não me importo com ameaças. Eu entendo que pode haver consequências, mas me sinto muito melhor comigo mesmo”, afirmou.

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