Bolsas despencam, mas Trump não volta atrás

Se havia alguma dúvida sobre a existência de uma guerra comercial, a abertura das bolsas em todo o mundo neste início de semana, deram a certeza de que os temores foram concretizados. Ao nascer do sol no Oriente, os pregões em todas a principais centros financeiros da Ásia, amargaram uma queda abrupta e em muitos casos sem precedentes para este século. Considerando que os países asiáticos estão entre os mais taxados por Donald Trump, e o duelo direto travado entre Estados Unidos e China, todas as economias periféricas da Ásia sofrem com uma reação em cadeia.

O fechamento das negociações das bolsas asiáticas não deixaram nenhum vencedor, mas talvez o maior derrotado esteja sob o controle chinês, com a queda preocupante de 13,2% do índice Hang Seng em Hong Kong. O terremoto econômico se espalhava gradualmente com o despertar do dia em outros continentes. O sismo promovido por Trump foi sentido duramente na Europa, onde a bolsa alemã em Frankfurt acordou com preocupantes 10% de queda, até se recuperar levemente e fechar com queda de 4,13%.

Em Londres, Paris, Madrid e Milão, as bolsas tiveram a mesma tortuosa jornada de abrupta queda e singela recuperação, evidenciando que o velho continente, não terá muito a ganhar em uma guerra entre o maior e terceiro maior parceiros comerciais da União Europeia. As reações entre as lideranças ainda se dividem entre os imediatistas, que defendem reciprocidade imediata de tarifas e os diplomatas, que buscam negociações bilaterais para amenizar o impacto negativo já contabilizado.

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A continuação das aberturas dos mercados no continente americano, também mostrou que o responsável principal pela guerra econômica, também sentirá o tremor financeiro. As bolsas dos Estados Unidos tiveram o mesmo caminho que as demais, mas conseguiram reagir melhor, fechando com uma queda em média menor do que 1% nos principais índices.

Donald Trump, que recebeu o premiê israelense Benjamin Netanyahu em Washington DC, disse de maneira mais refinada, que as tarifas são um remédio amargo necessário para corrigir distorções históricas que levaram inúmeras nações a se aproveitarem dos Estados Unidos ao longo de 60 anos. Para complicar ainda mais o já complexo quadro econômico, o republicano fez novas ameaças à China

Ao considerar injustas as tarifas recíprocas de 34% anunciadas por Pequim, Donald Trump deu um novo ultimato aos seus principais rivais no campo econômico. O presidente anunciou que os chineses têm até a meia noite do dia 08 de abril para remover as tarifas, caso contrário os Estados Unidos imporão adicionais 50% aos produtos chineses e terminarão prontamente todas as negociações em curso e negarão as solicitações para novos acordos.

A nova fala do mandatário preocupa todo o mundo, já que atualmente alguns produtos chineses já estão sendo taxados em cerca de 54% pelos Estados Unidos. Um acréscimo de 50% significaria, ultrapassar a faixa de 100% de tributação em alguns bens, atingindo duramente as cadeias de produção globais que têm estes dois gigantes por trás de seu desenvolvimento e manufatura. Por enquanto, o governo chinês não sinalizou nenhuma movimentação para rever suas tarifas recém impostas aos americanos.

Os prognósticos feitos pelos economistas na semana passada, passam por um constante processo de atualização dada a imprevisibilidade das declarações, a forma irredutível com que Trump tem agido e a aparente vontade chinesa de continuar duelando. Independentemente da visão ideológica e da nacionalidade, o consenso nas grandes empresas, bolsas de valores e na academia, é que esta nova guerra comercial será danosa para bilhões e benéfica apenas para milhares de empresários em ramos específicos.

A pressão inflacionária já começa a se sentir em muitos países e a preocupação com uma recessão global já afeta os pequenos, médios e grandes empresários. A proposta mercantilista apresentada por Trump e aceita pela China até o momento, é extremamente disruptiva para todo o mundo, como foi a pandemia em seus primeiros meses. A Covid-19 gerou inúmeros prejuízos, mas foi precificada e introduziu um o “novo normal”. Talvez esta nova forma de protecionismo apresentado por Trump, ao longo deste ano de 2025 se torne o “novo normal” de mundo a procura de novas alternativas geopolíticas e econômicas. 

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