Argélia derruba drone militar do Mali sobre seu território e amplia crise com países vizinhos

As relações diplomáticas entre a Argélia e os três países que formam a Aliança dos Estados do Sahel (AES), Mali, Burkina Faso e Níger, atingiram um ponto crítico na segunda-feira (7), quando as tensões escalaram em razão da derrubada de um drone militar ocorrida no fim de março. O incidente resultou na retirada de embaixadores de ambos os lados e no fechamento do espaço aéreo argelino para aeronaves provenientes do território malinês. As informações são da agência Associated Press (AP).

A Argélia afirma que abateu o drone em 31 de março, após a aeronave cruzar ilegalmente seu espaço aéreo na região de Tin Zaouatine, próximo à fronteira com o Mali. Já o governo malinês nega qualquer violação territorial e, com apoio dos parceiros da AES, classificou a ação como um “ato irresponsável” e uma violação do direito internacional.

Da esquerda para a direita, os líderes militares do Mali, Assimi Goita, do Níger, Abdourahamane Tchiani, e de Burkina Faso, Ibrahim Traore (Foto: x.com/GoitaAssimi)

Em resposta, Mali, Burkina Faso e Níger anunciaram, no domingo (6), a retirada imediata de seus embaixadores de Argel. No dia seguinte, a Argélia respondeu na mesma moeda, chamando de volta seus representantes diplomáticos e restringindo voos malianos sobre seu território. Além disso, acusou o Mali de manipular os fatos para desviar a atenção de seus próprios problemas internos.

“A junta de golpistas que governa o Mali tenta, em vão, transformar nosso país em bode expiatório dos reveses e infortúnios cujo preço mais alto é pago pelo povo malinês”, declarou o Ministério das Relações Exteriores da Argélia em nota oficial.

A crise marca mais um episódio na deterioração das relações entre a Argélia e os governos militares da região. Desde os golpes de Estado no Mali, em 2020 e 2021, os vínculos entre os dois países se enfraqueceram. A Argélia, que já foi mediadora entre o governo malinês e rebeldes tuaregues, vê com preocupação a atuação de mercenários russos e o uso intensivo de drones militares por parte de Bamaco.

O drone abatido era do modelo turco Akinci, fabricado pela turca Baykar. O Mali adquiriu ao menos duas dessas aeronaves no ano passado e vem utilizando os equipamentos em operações contra separatistas armados e grupos jihadistas no norte do país. Após o incidente, rebeldes divulgaram vídeos nas redes sociais exibindo os destroços da aeronave, que não foi recuperada pelas forças malinesas.

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